A antiga rodoviária de Florianópolis voltou ao centro dos debates públicos. Com o prédio abandonado e em visível estado de deterioração, os vereadores Afrânio Boppré e Leonel Camasão, do PSOL, encaminharam ao Ministério Público de Santa Catarina um pedido com seis medidas emergenciais para preservar o local. O objetivo é conter a degradação enquanto estudos de tombamento estão em andamento.
A solicitação dos vereadores foi feita à 28ª Promotoria de Justiça da Capital. As ações propostas incluem: remoção das escadas internas, instalação de tapumes metálicos, vigilância noturna fixa e rondas diurnas da Guarda Municipal, manutenção da cobertura, limpeza e desinfecção completa, além do desligamento das redes elétrica e hidráulica do imóvel.
O temor é que, sem esses cuidados, o estado atual do prédio comprometa os estudos técnicos que avaliam o valor histórico, artístico e cultural da construção. A edificação, segundo o Instituto de Arquitetos do Brasil e outras entidades de preservação, carrega traços marcantes do modernismo brasileiro, como arcos de madeira, concreto armado e cobogós – blocos vazados que favorecem a ventilação e a luz natural.
Apesar da aparência de abandono, uma vistoria realizada pelo próprio Ministério Público no dia 30 revelou que a estrutura ainda se mantém sólida. As paredes estão sem rachaduras significativas, e as madeiras, bem preservadas. Ainda assim, o cenário interno preocupa: fezes espalhadas, lixo acumulado, sinais de invasões e escadas que facilitam o acesso a áreas superiores – já palco de acidentes e furtos.
A Prefeitura já havia manifestado interesse em leiloar e demolir o prédio, mas uma decisão judicial impediu a demolição. Enquanto isso, a oposição e diversos movimentos da sociedade civil pedem a preservação. Estão envolvidos nesse debate o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/SC), o movimento Traços Urbanos, o Conselho Estadual de Cultura, o Núcleo DOCOMOMO SC e professores do Departamento de Arquitetura da UFSC.
A construção foi iniciada em 1957, a mando do então prefeito Osmar Cunha. A ideia inicial era fazer um mercado público, mas o espaço foi adaptado e virou a principal rodoviária da capital catarinense por décadas. O auge da arquitetura modernista no país inspirou sua forma e funcionalidade.
Enquanto os órgãos técnicos, como o Centro de Apoio Operacional Técnico do MPSC e o Serviço do Patrimônio Histórico da Prefeitura, seguem avaliando o caso, o prédio continua vulnerável. Os vereadores reforçam que impedir o acesso, higienizar o local e garantir segurança mínima são passos urgentes para evitar danos maiores.
O destino da antiga rodoviária ainda está em aberto, mas cresce o movimento que defende sua valorização como patrimônio cultural de Florianópolis.
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