Uma reunião sobre políticas públicas em São José, na Grande Florianópolis, acabou em confusão nesta terça-feira (10). O encontro, que reunia autoridades e representantes sociais para discutir soluções para a população em situação de rua, foi interrompido por um episódio tenso: o vereador Alexandre Cidade (PL) ameaçou dar uma cadeirada em um cidadão que o questionava durante a sessão.
A discussão começou após o vereador usar a tribuna para relatar sua experiência em abordagens sociais e de segurança com pessoas em situação de rua. Ele defendeu propostas como a criação de equipes clínicas completas na assistência social, reabilitação com capacitação profissional e incentivo à autonomia financeira. Alexandre também mencionou dados da Polícia Militar apontando que cerca de 90% das pessoas em situação de rua seriam dependentes químicos com passagem pela polícia.
No entanto, ao retornar ao seu assento, o vereador foi confrontado por Daniel Paes, representante do Movimento Nacional da População em Situação de Rua. A crítica gerou reação imediata de Alexandre, que se exaltou e começou a gritar com os participantes da reunião.
“Fala no microfone, cabeludo! Tá falando e ninguém tá ouvindo”, disparou o vereador. Em seguida, elevando o tom, ele se dirigiu a outro cidadão do público: “Quem és tu pra falar comigo? Me respeita, senão vou aí”. Nesse momento, Alexandre se levantou, foi em direção ao fundo da sala e chegou a erguer a própria cadeira em direção aos presentes. A situação ficou tensa, e outras pessoas tentaram conter o vereador.
Apesar da ameaça e da confusão, a sessão não foi interrompida. Após o tumulto, o vereador retornou ao seu lugar e a reunião seguiu por mais trinta minutos. O clima, no entanto, permaneceu tenso.
Segundo Alexandre, ele se sentiu desrespeitado por ter sido chamado de “criminador” da população em situação de rua, além de afirmar que sofreu ataques pessoais por parte de membros de sindicatos presentes na reunião. Ele disse que respeitou a fala de todos durante o encontro, mas que não recebeu o mesmo tratamento ao expressar suas opiniões.
A reunião teve como objetivo central buscar soluções conjuntas entre os municípios de São José, Palhoça e Biguaçu para lidar com o aumento da população em situação de rua na Grande Florianópolis, especialmente em períodos de frio intenso.
Atualmente, São José dispõe de 46 vagas de pernoite para acolhimento emergencial, com previsão de ampliar esse número para 56 em noites com temperaturas abaixo de 10 °C. Além disso, o município conta com 50 vagas em casas de passagem, onde os usuários têm direito a banho, jantar, pernoite e café da manhã. Em caso de lotação, o Centro Pop, localizado no bairro Roçado, funciona como abrigo emergencial.
Mesmo com os avanços nos serviços sociais, o episódio de tumulto na Câmara evidencia o quanto o tema ainda é tratado com tensão e polarização, mesmo em espaços que deveriam priorizar o diálogo e a construção de soluções coletivas.
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