A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) emitiu uma nota oficial se posicionando sobre os episódios de violência registrados entre os dias 5 e 7 de julho, no entorno do Alojamento Estudantil Indígena, localizado no Campus Trindade, em Florianópolis. Em apenas 48 horas, os estudantes indígenas sofreram três agressões distintas, envolvendo abordagens violentas por parte da polícia e ataques externos com ofensas racistas e violência física.
Ataques em sequência
Na manhã de sábado (5), estudantes indígenas foram surpreendidos por dois agentes da Polícia Militar que entraram no campus sem autorização ou comunicação prévia à Secretaria de Segurança Institucional (SSI) da universidade. Os estudantes, mesmo após se identificarem como moradores das residências estudantis, foram dispersados com spray de pimenta e, segundo relatos, chegaram a sofrer disparo com bala de borracha. Nenhum dos policiais estava com identificação visível.
Na mesma noite, um novo episódio: um grupo de pessoas utilizando patinetes elétricos invadiu o campus e agrediu fisicamente estudantes indígenas nas proximidades do alojamento.
Já na segunda-feira (7), o terceiro ataque: onze pessoas apareceram novamente no local e lançaram pedras contra o prédio, enquanto gritavam ofensas racistas, como “fora índios” e “vagabundos”. Esses eventos foram denunciados por estudantes e testemunhas, e relatados oficialmente pela Administração Central da UFSC.
Medidas adotadas pela universidade
Diante da gravidade da situação, a UFSC mobilizou diversas frentes para responder institucionalmente aos ataques. Confira as principais ações adotadas:
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Representação ao Ministério Público: a universidade está reunindo imagens e registros para formalizar uma denúncia junto ao Ministério Público de Santa Catarina, especialmente sobre a atuação policial e o uso de força sem identificação adequada.
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Investigação dos agressores externos: a UFSC está colaborando com a polícia civil para ajudar na identificação dos envolvidos nos ataques realizados com pedras e agressões físicas.
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Reforço na segurança: foram adotadas medidas emergenciais, como rondas motorizadas e a pé no entorno das moradias estudantis indígenas, além da previsão de novas câmeras de vigilância no campus.
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Acolhimento às vítimas: equipes da PRAE e da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (PROAFE) estão oferecendo escuta qualificada, suporte psicológico e orientação aos estudantes afetados.
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Diálogo com forças de segurança: a UFSC irá solicitar uma reunião com representantes das forças policiais da Grande Florianópolis, a fim de revisar protocolos de atuação no campus e garantir o respeito à autonomia universitária e aos direitos dos estudantes.
Compromisso com os direitos humanos
A Administração Central da UFSC reafirma que atua com firmeza no combate ao racismo e à violência. A instituição declara manter seu compromisso com a construção de um ambiente universitário seguro, respeitoso e acolhedor, especialmente para os estudantes indígenas que enfrentam inúmeros desafios para acessar e permanecer na universidade pública.
A nota reforça que os ataques serão apurados e que os envolvidos serão responsabilizados conforme a lei. A universidade promete vigilância constante e ações concretas para garantir que situações como essas não se repitam no Campus Trindade.
Aos estudantes indígenas, a UFSC reafirma não apenas solidariedade, mas um compromisso ativo com a escuta, acolhimento e proteção.
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