A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, foi palco de uma sessão marcada por debates intensos, manifestações políticas e um episódio que gerou grande repercussão nas redes sociais. O encontro do Conselho Universitário, realizado na noite de sexta-feira (6), deveria tratar da possível mudança de nome do campus da capital, mas acabou envolto em uma série de discussões e gestos que reacenderam o clima de polarização.
A reunião foi aberta ao público e atraiu participantes com diferentes posicionamentos ideológicos. Estiveram presentes autoridades políticas de Florianópolis, como o secretário de Assistência Social e um vereador da cidade, além de membros da comunidade acadêmica e de movimentos estudantis. O ambiente rapidamente se tornou tenso, com provocações entre os presentes.
Durante o debate, o professor e conselheiro universitário Alex Degan causou polêmica ao realizar uma breve dança em resposta a provocações feitas durante a sessão. O gesto, aplaudido por parte do público presente, foi criticado por outros participantes, que consideraram a atitude desrespeitosa diante da seriedade do tema. O episódio foi considerado ofensivo por representantes da família do ex-reitor João David Ferreira Lima, cujo nome está no centro da discussão, e houve solicitação formal para que o ocorrido fosse registrado em ata.
A polêmica gira em torno da recomendação da Comissão Memória e Verdade da própria UFSC, que sugere a retirada de homenagens a nomes ligados à Ditadura Militar (1964–1985). Um dos alvos é justamente João David Ferreira Lima, ex-reitor da universidade, apontado no relatório como alguém que teria perseguido estudantes, professores e servidores durante o regime.
Contudo, essa versão é contestada. Um livro lançado no fim de 2024 pela advogada Heloísa Ferro Blasi Rodrigues apresenta outra visão sobre a trajetória do ex-reitor, destacando possíveis falhas no relatório da comissão. A obra propõe que João David teria, na verdade, contribuído significativamente com o crescimento da universidade e da cidade de Florianópolis.
A discussão ultrapassou os muros da universidade e chegou à Prefeitura de Florianópolis. O prefeito Topázio Neto gravou um vídeo em que sai em defesa do ex-reitor. No depoimento, ele reforça o papel importante de João David Ferreira Lima para o desenvolvimento da capital catarinense, e critica a tentativa de apagar esse legado. Segundo o prefeito, é essencial que a UFSC garanta uma defesa justa ao ex-reitor, principalmente diante da falta de diálogo equilibrado e do momento delicado vivido pela instituição, que sofre com dificuldades financeiras e administrativas.
O episódio da reunião escancarou os desafios enfrentados pela UFSC em equilibrar a preservação da memória institucional com o reconhecimento de erros do passado. Enquanto setores da sociedade exigem revisão crítica de homenagens a personagens históricos, outros pedem cautela, argumentando que não se pode apagar a contribuição de figuras que marcaram a história da educação superior em Florianópolis.

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