A saúde das ostras cultivadas em Florianópolis, São José e Palhoça está no centro de um projeto inédito que une Brasil, França e Chile. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lidera uma nova rede internacional de pesquisa que vai investigar as causas da alta mortalidade desses moluscos, especialmente durante o verão, e propor soluções para melhorar o cultivo na região.
O estudo nasce de uma preocupação real para quem vive da maricultura: nos meses mais quentes, até metade da produção pode ser perdida, impactando diretamente o sustento de muitas famílias da Grande Florianópolis. Os motivos para isso ainda não estão totalmente claros. Pode ser infecção por vírus ou bactérias, poluição da água, alterações ambientais ou até mesmo a combinação de todos esses fatores.
Para entender o que está acontecendo, os pesquisadores vão coletar e analisar ostras cultivadas nas baías Norte e Sul da capital, em parceria com cientistas de instituições francesas e chilenas. A ideia é comparar os dados com o que já se sabe em outros países. Na Europa, por exemplo, um dos vilões das ostras é a chamada “Síndrome da Mortalidade do Pacífico”, causada por infecções múltiplas. O objetivo do estudo é descobrir se os mesmos agentes atuam aqui ou se o problema tem origem diferente.
Essa nova rede científica envolve mais de 30 pesquisadores e estudantes de pós-graduação, todos com um objetivo comum: proteger a saúde das ostras e garantir mais estabilidade para os produtores. Além de cientistas da UFSC, o projeto conta com o apoio de universidades e centros de pesquisa da França e do Chile. A sede brasileira será um novo laboratório internacional que está sendo estruturado no Centro de Ciências Biológicas da UFSC, com apoio da Fapesc.
A pesquisa também vai seguir o conceito de “Saúde Única”, que considera que o bem-estar dos animais, das pessoas e do meio ambiente estão diretamente ligados. Como a ostra filtra grandes volumes de água, ela serve como um termômetro da qualidade do ecossistema marinho. Melhorar a saúde das ostras é, ao mesmo tempo, cuidar da água, da produção local e das comunidades que vivem do cultivo.
Santa Catarina é, hoje, o principal estado produtor de ostras no Brasil, com 93% da produção nacional em 2023. Só no ano passado, foram mais de 1.700 toneladas, a maior parte delas da espécie japonesa Magallana gigas. A concentração está justamente nos municípios da Grande Florianópolis, o que torna a região estratégica para a maricultura brasileira.
A pesquisa vai trazer dados que podem transformar o cultivo de ostras, ajudando a prevenir perdas e fortalecer a produção de forma sustentável. O trabalho conjunto entre pesquisadores e produtores pode abrir caminhos não apenas para resolver o problema local, mas também para posicionar a Grande Florianópolis como referência em inovação no setor aquícola.



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