A comunidade do samba em Florianópolis amanheceu de luto nesta sexta-feira (30) com a morte de Seu Boca, um dos maiores nomes da história do Carnaval da capital. Natalício Sizenando da Cunha, mais conhecido como Seu Boca, faleceu aos 97 anos, deixando um legado imenso para a Unidos da Coloninha e para toda a cultura da cidade.
Figura lendária do samba, Seu Boca foi um dos fundadores da Unidos da Coloninha, escola criada em 1962 no bairro Coloninha, na parte continental de Florianópolis. Ele fazia parte do grupo de dez jovens apaixonados por Carnaval que transformaram um simples bloco de rua em uma das maiores agremiações da cidade.
Ao longo da vida, Seu Boca sempre esteve presente em todos os momentos da escola. Mesmo aos 97 anos, fazia questão de participar das reuniões do Conselho Deliberativo e de prestigiar os eventos da Coloninha, levando consigo um sorriso generoso, muita sabedoria e, principalmente, um amor incondicional pela escola azul, verde e branca.
O velório de Seu Boca acontece nesta sexta-feira (30), a partir das 10h da manhã, na sede da Unidos da Coloninha, na Rua Tupinambá, 475. O sepultamento está marcado para as 16h30, no Cemitério de Coqueiros, onde amigos, familiares e sambistas vão se despedir dessa lenda viva do Carnaval de Florianópolis.
A Unidos da Coloninha, conhecida como a “Gigante do Continente”, carrega uma história marcada por desafios e conquistas. A escola teve suas atividades interrompidas em 1964, mas ressurgiu com força após 18 anos afastada dos desfiles. O primeiro título veio em 1984, e desde então, são dez troféus na galeria de campeã.
Este ano, Seu Boca teve a oportunidade de ver sua escola do coração desfilar na Passarela Nego Quirido com o samba-enredo “Benzimento: o poder das 7 Ervas Sagradas”. Infelizmente, a Coloninha enfrentou um momento difícil no Carnaval de 2025, sendo penalizada antes mesmo de entrar na avenida e terminando em último lugar entre as dez escolas participantes. A derrota levou a diretoria a demitir toda a Comissão de Carnaval poucas horas após o resultado.
O ano de 2025 também marcou outra perda significativa para a Unidos da Coloninha. Em março, faleceu o ex-presidente José Francisco Vieira, o Zé Biguaçu, que foi responsável por levar a escola ao topo por cinco vezes consecutivas como campeã.
Com a partida de Seu Boca, o Carnaval de Florianópolis perde não só um sambista, mas uma verdadeira referência, um pilar de resistência, amor e dedicação à cultura. Seu legado, no entanto, seguirá vivo nas raízes da Unidos da Coloninha e no coração de todos que fazem e amam o samba na cidade.
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