Desde o início de 2023, ao menos 275 pacientes atendidos na UPA Arlindo Corrêa, em Biguaçu, precisaram ser internados, mas o Hospital Helmuth Nass recusou esses pedidos. O hospital, que recebe mensalmente R$ 2,6 milhões em recursos públicos fixos — e ainda ganha valores extras conforme a quantidade de cirurgias realizadas —, não ofereceu as vagas, mesmo quando havia leitos disponíveis.
População afirma que o problema é antigo. Antes mesmo de existir uma regulação oficial do Estado, as equipes da UPA passavam horas ao telefone tentando conseguir vagas no hospital. Em alguns casos, o hospital prometia o leito, mas depois pedia novos exames ou documentos e, no fim, dizia não poder atender o paciente.
Algumas famílias pediram que seus parentes permanecessem na UPA, mesmo com estrutura limitada, para evitar transferências para cidades distantes como Santo Amaro e Angelina, onde seria difícil visitá-los. Em maio deste ano, uma paciente só conseguiu ser internada após forte insistência da família. Ela acabou sendo levada para o Hospital Regional de São José.
Sobre os recursos recebidos pelo hospital
O Hospital Helmuth Nass recebe mensalmente R$ 1.852.000,00 do Ministério da Saúde e R$ 810.000,00 do governo estadual — um total de R$ 2.662.000,00 por mês. E esse valor ainda pode aumentar conforme a quantidade de cirurgias feitas. A prefeitura de Biguaçu cede o prédio e a equipe de regulação que agenda as transferências via sistema SISREG.
A secretaria de saúde de Biguaçu, explicou que a regulação dos leitos é feita pelo sistema estadual e que as recusas acontecem com base em critérios clínicos definidos pelo médico do hospital. O órgão disse ainda que a prefeitura vem monitorando a baixa taxa de ocupação do hospital e que uma proposta foi enviada ao Estado para rever o uso dos leitos — inclusive com a sugestão de cortar parte da verba estadual quando leitos forem bloqueados sem justificativa técnica.
O que diz o hospital
Após a grande repercussão, a direção do Hospital Helmuth Nass divulgou uma nota oficial. Afirmou que só atende casos de média complexidade, conforme as regras do SUS, e que recusa pacientes com doenças mais graves para não correr riscos, pois a estrutura do hospital não permite atendimentos mais avançados.
O hospital também destacou que os critérios técnicos usados para negar internações são definidos pelo SUS e que o hospital não recebe dinheiro da prefeitura de Biguaçu — apenas recursos da União e do Estado. A entidade afirma que presta contas todos os meses ao município e que não tem fins lucrativos.
De acordo com a nota, desde 2023 o hospital realizou quase 96 mil atendimentos, incluindo consultas, exames, cirurgias e internações. Cerca de 42 mil pacientes atendidos são moradores de Biguaçu.
Por fim, a Beneficência Camiliana do Sul, responsável pela administração do hospital, disse que todas as decisões são tomadas com base na segurança dos pacientes, e que as críticas são resultado de “interpretações equivocadas”. Segundo a nota, a equipe do hospital age com ética e compromisso com a população.
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