O emocionante resgate de uma baleia-franca com filhote na Praia da Pinheira, em Palhoça, virou tema de debate nacional após uma reviravolta surpreendente. O ato, que parecia ser um símbolo de empatia e cuidado com a natureza, foi marcado por uma falsa autoria que causou indignação e desmentidos públicos.
Inicialmente, um homem identificado como Paulo Oliveira viralizou nas redes sociais dizendo ter salvado a baleia que estava presa em uma rede de pesca. Com vídeos e relatos emocionados, ele passou a pedir doações e anunciar a venda de equipamentos aquáticos como forma de “voltar ao seu estado de origem”. O caso sensibilizou milhares de pessoas.
No entanto, a história começou a ruir quando Marcos Antônio Souza, verdadeiro autor do resgate, resolveu se manifestar. Em vídeo gravado em conjunto com o fotógrafo que documentou toda a ação, Marcos expôs a verdade e detalhou como salvou a baleia com cuidado e conhecimento.
Segundo ele, a decisão de intervir ocorreu após dias de monitoramento da baleia, que estava com a rede presa à cabeça. Em silêncio e com extrema cautela, Marcos utilizou um stand-up paddle e uma ferramenta improvisada para cortar a rede sem assustar o animal. Tudo foi feito em poucos segundos. Ele ainda conta que, após o ato, pediu perdão à baleia, emocionado com o momento.
A revelação veio após o falso herói ter usado a história para se autopromover e até insinuar que havia sido multado pelo Ibama. Internautas também começaram a relatar que ele estaria pedindo dinheiro em nome do salvamento. Marcos se disse triste com a deturpação dos fatos e alertou para que as pessoas não sejam enganadas.
Vídeo oficial e apuração do Ibama
O grupo que acompanhava a baleia e participou da ação prometeu divulgar um vídeo completo com imagens claras da libertação, registradas no sábado (12). Eles afirmam que não houve vaidade, apenas resposta ética diante do sofrimento de um animal ameaçado de extinção.
A baleia-franca e seu filhote estavam na região da Ponta do Papagaio desde o dia 10 e vinham sendo acompanhados por drones e equipes dos projetos ambientais. Técnicos optaram inicialmente por não intervir, acreditando que a rede poderia se soltar sozinha. Com o tempo e sem melhora, foi feita a intervenção responsável.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) confirmou que o caso está sob investigação. Pela legislação, esse tipo de intervenção só pode ser feita por profissionais capacitados e autorizados. No entanto, o Código Brasileiro também prevê exceções em casos de emergência, quando há risco imediato à vida do animal.
Fim da rede, início da polêmica
Enquanto a baleia segue livre no mar com seu filhote, a rede que a aprisionava deixou para trás um rastro inesperado: um conflito humano que envolveu verdade, mentira, vaidade e desinformação. Em meio à comoção, a história ganhou contornos de alerta sobre a responsabilidade com a verdade, principalmente quando vidas — humanas ou animais — estão em jogo.
O verdadeiro resgate da baleia foi real, feito com sensibilidade e coragem. Já a tentativa de se apropriar do feito foi desmascarada — deixando uma lição sobre respeito à natureza, à empatia e à honestidade.
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