O Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) decidiu ampliar por mais seis meses o acompanhamento do Plano de Aprendizagem de curto prazo desenvolvido pela Prefeitura de Florianópolis, com apoio da entidade Todos pela Educação e do próprio Tribunal. A medida busca garantir a execução de estratégias capazes de melhorar o desempenho dos alunos do ensino fundamental na Capital.
A decisão foi aprovada de forma unânime pelos conselheiros do TCE, que validaram a segunda etapa do processo de monitoramento. Essa iniciativa faz parte do Projeto de Apoio do Controle Externo à Gestão da Educação, que tem como objetivo estruturar diagnósticos, planejar metas e orientar gestores públicos a adotarem práticas baseadas em evidências para melhorar a qualidade da aprendizagem.
Florianópolis foi escolhida como primeira capital a integrar o projeto por apresentar resultados abaixo da média em indicadores de desempenho, mesmo com altos investimentos por estudante e boa infraestrutura escolar. Em matemática, por exemplo, apenas 43% dos alunos dos anos iniciais alcançam o desempenho adequado, percentual que cai para 15% nos anos finais. Já em língua portuguesa, o índice é de 59% nos anos iniciais e apenas 32% nos anos finais.
Os números também mostram queda no ranking nacional. Nos anos iniciais, Florianópolis passou da 4ª posição entre as capitais, em 2015, para a 11ª em 2023. Nos anos finais, a cidade caiu da 5ª para a 15ª colocação. Ao mesmo tempo, o gasto por aluno é superior à média: R$ 21,8 mil por estudante, contra R$ 14,3 mil em Goiânia e R$ 11,6 mil em Teresina, capitais que lideram os indicadores de aprendizagem.
O diagnóstico inicial do TCE/SC apontou seis frentes prioritárias para a melhoria imediata: aumento da carga horária de aulas, priorização do currículo, uso pedagógico das avaliações, acompanhamento contínuo dos alunos, formação de professores e gestores, além da garantia da frequência e permanência dos estudantes em sala.
O levantamento destacou ainda a importância de corrigir defasagens de aprendizagem conforme a idade, aplicar avaliações consistentes e fortalecer a governança escolar com foco em resultados. O envolvimento da comunidade escolar, especialmente dos profissionais de educação, também foi indicado como peça-chave para a transformação.
Segundo o Tribunal, a participação nesse projeto permitirá construir um referencial de gestão e controle que poderá ser aplicado futuramente em outros municípios do Estado, criando um modelo padronizado de boas práticas para o setor educacional.
Avanços já começam a aparecer na rede municipal de Florianópolis
No início de agosto, um novo levantamento mostrou que as medidas adotadas pela Secretaria Municipal de Educação já começam a trazer resultados concretos no aprendizado dos estudantes. Em apenas quatro meses, a defasagem de conteúdos caiu de forma expressiva em várias turmas, especialmente em matemática. Os dados são da Avalia Floripa, avaliação aplicada em julho para turmas do 2º, 5º e 9º ano.

No 9º ano, a defasagem em matemática caiu 55%, reduzindo o número de alunos com grandes dificuldades. No 5º ano, a queda também foi pela metade. No 2º ano, os avanços foram ainda mais marcantes: em português, a defasagem caiu de 47% para 26%, e em matemática, de 23% para apenas 7%.
Esses avanços estão diretamente ligados a um conjunto de medidas implantadas desde janeiro. A carga horária de Língua Portuguesa e Matemática foi ampliada de 4 para 6 aulas semanais, se igualando à média nacional. Além disso, houve expansão da educação integral, que já está presente em 13 escolas do 2º ano.
A gestão também investiu em apoio pedagógico e formação docente. Equipes da Secretaria passaram a acompanhar de perto a rotina escolar, ajudando diretores e professores a organizar ações de recuperação da aprendizagem. Na alfabetização, foi lançado o livro “LEIA”, para desenvolver habilidades de leitura e escrita desde cedo. Na pré-escola, letras e números já fazem parte do cotidiano dos alunos, preparando o caminho para a alfabetização.
No 9º ano, entrou em prática o material didático “Educa Floripa”, que combina conteúdos atuais com a recuperação de aprendizagens dos anos anteriores. Também foi adotado o trabalho em grupos menores, garantindo atenção individualizada para quem mais precisa.
Os números confirmam a efetividade das estratégias. No 2º ano, o percentual de alunos com aprendizado adequado em matemática subiu de 34% para 57%. No 5º ano, passou de 33% para 46%. No 9º ano, a defasagem caiu de 82% para 37%, e o número de alunos com desempenho considerado adequado subiu de 3% para 14%. Em português, também houve progressos: no 5º ano, a defasagem caiu de 18% para 11%; no 9º ano, o percentual de alunos com conhecimento básico subiu de 33% para 44%.
A Avalia Floripa funciona como instrumento de monitoramento constante, permitindo que as escolas façam ajustes rápidos em suas estratégias. A primeira edição ocorreu em março, com caráter diagnóstico.
Com base nesses primeiros resultados, a meta da Prefeitura é ousada: reduzir em até 60% a defasagem geral de aprendizagem nos próximos três anos. Para o TCE/SC, que acompanha de perto a execução do plano, esses avanços reforçam a importância do trabalho conjunto entre gestão municipal, comunidade escolar e órgãos de controle externo.
O portal Agora Floripa segue acompanhando os desdobramentos e trará novas informações sobre os avanços do plano educacional em Florianópolis e os próximos passos do monitoramento do TCE/SC.

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