A situação da Ponte Colombo Salles, uma das principais ligações entre a Ilha de Santa Catarina e o continente, virou motivo de grande preocupação em Florianópolis. A obra de remoção das antigas passarelas da estrutura está paralisada desde fevereiro e, segundo informações levantadas pelo deputado estadual Mário Motta, deve seguir travada até, pelo menos, 2026.
O contrato para remoção das passarelas – aquelas interditadas há décadas – previa a retirada total dos elementos da estrutura. A passarela do lado norte, por exemplo, está fechada desde 1983. A do lado sul também foi interditada após a queda de duas peças em 2001. Hoje, faltam 15 peças de guarda-corpo na passarela norte, cada uma pesando cerca de 270 kg, o que representa risco real de acidentes.
O problema que travou a obra foi identificado logo no início da execução: uma adutora da Casan instalada na passarela norte impede a remoção completa da estrutura. Com isso, apenas a passarela do lado sul foi desmontada até agora. Dos R$ 3,7 milhões previstos no contrato, menos de 40% foram executados — aproximadamente R$ 1,4 milhão. A entrega, que estava marcada para este mês, não vai acontecer.
Enquanto isso, a Casan também executa uma obra paralela: a instalação de uma nova adutora na Ponte Pedro Ivo Campos, orçada em R$ 11,8 milhões. Esse serviço, inicialmente previsto para terminar em março de 2025, já foi prorrogado para julho e pode se estender até outubro. Depois disso, serão necessários mais dois meses para testes e três meses para remover a adutora antiga da Ponte Colombo Salles. Isso significa que a continuidade da obra da ponte deve ocorrer, na prática, apenas em 2026.
Chama atenção o fato de que a existência da adutora já era conhecida desde as etapas de planejamento. O edital do próprio contrato deixa claro que na passarela norte há uma adutora ativa, o que inviabiliza a remoção total da estrutura. Mesmo assim, estava previsto no contrato remover ao menos o guarda-corpo e parte da laje para reduzir riscos de queda. Na prática, isso não aconteceu.
A situação também acende um alerta jurídico. A nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) permite que a empresa contratada peça a rescisão do contrato caso a paralisação da obra, por ordem da administração, ultrapasse quatro meses — exatamente o que já ocorre.
Além do atraso e da paralisação, um novo risco surgiu. Com a remoção da passarela sul, ficaram expostas diversas tubulações metálicas da drenagem pluvial da ponte, com cerca de três metros de extensão. Antes sustentadas pela estrutura da passarela, essas tubulações agora estão suspensas, enferrujadas, sem qualquer apoio e oferecem perigo não apenas à ponte, mas também para quem navega na região, já que essas peças podem se soltar e cair na água. E pior: a remoção dessas tubulações não faz parte do contrato atual.
O deputado Mário Motta tem pressionado o governo do estado com pedidos de informação e indicações cobrando soluções urgentes. Ele lembra que, ainda em 2014, uma decisão judicial determinava a remoção completa das passarelas após os acidentes e a queda de partes da estrutura. Mesmo assim, o governo da época optou por uma solução parcial, removendo só o que consideravam mais crítico na época.
Dez anos depois, o problema persiste, agravado pela sobreposição de obras e pela falta de planejamento efetivo para lidar com as interferências da adutora da Casan.
E não é só a questão das passarelas que preocupa. A própria fundação da ponte também apresenta riscos. Em 2020, foram feitos reforços estruturais emergenciais em seis blocos de fundação da Colombo Salles e da Ponte Pedro Ivo. No entanto, outros 12 blocos continuam aguardando intervenções, mesmo com a urgência já apontada pelos órgãos técnicos.
Em 2022, foi firmado um contrato de R$ 13,4 milhões para recuperação desses blocos, mas o projeto foi considerado falho pela empresa responsável. Desde então, foi contratada uma nova empresa para elaborar um anteprojeto de reforço estrutural, no valor de R$ 270 mil, com entrega prevista para fevereiro de 2025. Até o momento, não há informações sobre o andamento desse trabalho.
Enquanto as obras seguem paralisadas e os riscos se acumulam, a cobrança do deputado Mário Motta continua firme. Ele reforça que, enquanto não houver uma solução definitiva para garantir a segurança da ponte e da navegação no local, vai seguir fiscalizando e exigindo respostas do governo.
O cenário da Ponte Colombo Salles revela, mais uma vez, a urgência de planejamento sério, coordenação entre os órgãos e execução eficiente para garantir a segurança de quem transita pela ponte e de quem navega sob ela.
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