A luta pela proteção das mulheres e meninas em Florianópolis ganhou força com dois projetos de lei apresentados na Câmara Municipal. As propostas foram protocoladas pela vereadora Ingrid Sateré Mawé, que liderou uma emocionante caminhada simbólica que partiu da Catedral Metropolitana até o Legislativo. A mobilização reuniu familiares da professora Alessandra Abdalla, brutalmente assassinada em 2022, além de apoiadoras e uma instalação artística que denuncia a violência.
Lei Alessandra Abdalla: Programa de Enfrentamento ao Feminicídio
O principal projeto cria o Programa Municipal de Enfrentamento ao Feminicídio, uma política pública permanente, interseccional e multissetorial, que visa enfrentar a violência extrema contra mulheres e meninas na cidade.
Inspirado na história de Alessandra Abdalla, o programa tem como missão não só combater, mas prevenir e eliminar o feminicídio em Florianópolis. As ações incluem:
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Fortalecimento da rede de atendimento às mulheres em situação de violência;
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Campanhas educativas permanentes nas escolas, órgãos públicos e comunidades;
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Formação continuada de servidores públicos para atuação qualificada e sensível;
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Produção de dados e monitoramento dos casos de violência;
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Ampliação de políticas de acolhimento, moradia, capacitação profissional e saúde mental;
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Criação de protocolos humanizados, com atendimento sem revitimização;
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Foco especial em territórios mais vulneráveis, onde os índices de violência são maiores.
O projeto está alinhado com a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio e tratados internacionais, como a Convenção de Belém do Pará, fortalecendo a atuação local com base nas legislações nacionais e internacionais.
Medalha e Diploma de Mérito Alessandra Abdalla
O segundo projeto institui uma honraria oficial da Câmara de Florianópolis: a Medalha e o Diploma de Mérito Alessandra Abdalla. A condecoração será entregue anualmente, na semana do dia 22 de janeiro — data de nascimento da professora —, para pessoas e organizações que atuam no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas.
A medalha trará a imagem de Alessandra e o brasão do município, acompanhada de uma fita lilás, símbolo da luta feminista. Junto, será entregue um diploma oficial que reconhece a importância do trabalho de quem luta diariamente pelos direitos das mulheres.
O objetivo da honraria é dar visibilidade, valorizar e fortalecer iniciativas locais que fazem a diferença na proteção, acolhimento e promoção dos direitos das mulheres.
Caminhada, arte e denúncia
O ato de entrega simbólica dos projetos foi marcado pela presença da instalação artística “Pedaços da Violência”, da artista Julia Steffen. A obra é fruto de oficinas com mulheres que viveram situações de violência, realizadas em espaços públicos, universidades e centros de acolhimento de Florianópolis.
A instalação consiste em uma grande colcha formada por pedaços de tecidos bordados e pintados com frases que expressam dor, resistência e superação. Cada ponto representa uma cicatriz, uma história, uma memória que precisa ser lembrada para que não se repita.
Transformando dor em política pública
A história de Alessandra Abdalla, que perdeu a vida ao ser assassinada pelo ex-companheiro quando chegava ao trabalho em uma creche no bairro Tapera, virou símbolo de uma luta coletiva. A ausência de respostas eficazes do poder público, mesmo após denúncias, deixou marcas profundas na cidade. Agora, sua memória se transforma em ação, proteção e política pública.
A vereadora Ingrid Sateré Mawé destacou que os projetos são um compromisso com todas as mulheres e meninas da cidade, para que possam viver com dignidade, segurança e liberdade. Florianópolis dá um passo firme e necessário no enfrentamento da violência de gênero, mostrando que não aceita mais perder nenhuma vida para o feminicídio.
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