Florianópolis vai transformar um de seus prédios mais simbólicos em um espaço de cultura, memória e valorização da história negra catarinense. A antiga Escola de Educação Básica Antonieta de Barros, localizada no centro leste da cidade, passará por uma restauração completa para abrigar o futuro Centro de Memória e Cultura Professora Antonieta de Barros. A ordem de serviço para o início da obra será assinada nesta sexta-feira, 11 de julho, data em que se comemoram os 124 anos de nascimento da educadora, jornalista e política que dá nome ao espaço.
O prédio, situado na esquina das ruas Victor Meirelles e Saldanha Marinho, foi doado ao município pelo Governo do Estado e já é tombado como patrimônio histórico de Florianópolis desde 1986. Com investimento de R$ 4,5 milhões, a obra será conduzida pela Secretaria de Infraestrutura e executada pela empresa Litoral Engenharia, com previsão de conclusão em um ano.
O projeto prevê a criação de um espaço cultural moderno e acessível, voltado à valorização da cultura afro-brasileira e da trajetória de Antonieta de Barros, uma das figuras mais relevantes da história catarinense. O centro também abrigará acervos do artista Franklin Cascaes e atividades culturais permanentes e temporárias.
Com área total de aproximadamente 929 metros quadrados, a edificação passará por restauro estrutural completo, melhorias nas instalações elétricas, hidráulicas e de climatização, além da instalação de elevador e acessibilidade total. O telhado será substituído por laje impermeabilizada e a fachada será restaurada com elementos de vidro, preservando a identidade arquitetônica original.
No piso superior, será montado o Museu Antonieta de Barros, com livros, cartas, imagens e obras sobre a vida e atuação da homenageada, além de miniauditório para eventos. O mesmo andar também receberá o Centro de Memória, Cultura e Arte Negra Catarinense, com exposições fixas e audiovisuais sobre a cultura negra no Estado.
O projeto ainda inclui um pátio interno para exposições e um pátio externo para eventos abertos ao público, como feiras, apresentações, rodas de conversa e encontros culturais. Já o térreo do edifício será voltado a oficinas, sessões de filmes, debates públicos, atividades de leitura, dança, teatro, capoeira e outras expressões culturais. O espaço contará ainda com salas de apoio, banheiros e copa para os trabalhadores.
A definição de uso do espaço foi construída em diálogo entre a Prefeitura e coletivos sociais da cidade. A intenção é garantir que a nova função do prédio vá além da preservação física, atuando como referência viva da memória coletiva e da cultura negra catarinense.
Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, em 1901, e foi a primeira mulher negra a ocupar um cargo eletivo no Brasil, tornando-se deputada estadual em 1935. Defensora da educação pública e da emancipação feminina, também foi cronista, professora e fundadora de um curso voltado à alfabetização de pessoas em situação de vulnerabilidade. Seu nome foi incluído no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, em 2023, como uma das heroínas nacionais.
A restauração da escola e a criação do Centro de Memória reafirmam o compromisso da capital catarinense com a valorização da história, da educação e da diversidade cultural que compõem a identidade de Florianópolis.




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