Uma denúncia feita por uma estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) nas redes sociais reacendeu um alerta sobre as condições precárias da moradia estudantil localizada no bairro Carvoeira, em Florianópolis. O vídeo, que rapidamente viralizou, mostra a jovem relatando a falta de itens básicos como água potável, luz nos corredores, água quente nos chuveiros e até gás para cozinhar.
Ela compartilhou ainda que, ao abrir a torneira para beber água, encontrou um líquido amarelado e com forte odor, semelhante ao de esgoto. O frio, típico do outono na cidade, torna os banhos gelados ainda mais desafiadores, já que a água quente está indisponível para muitos apartamentos. A estudante, que cursa Direito e está na quinta fase, afirma que depende exclusivamente da moradia para continuar seus estudos, pois não tem apoio financeiro familiar.
Segundo o relato, mais de 150 estudantes enfrentam a mesma realidade diariamente. Além da falta de infraestrutura, há queixas recorrentes sobre vazamentos, falhas na internet e constantes panes nos elevadores, somando-se a uma sensação de abandono. Ainda assim, os residentes são cobrados por desempenho acadêmico como condição para manter o benefício.
Diante da repercussão, a Administração Central da UFSC divulgou uma nota reconhecendo a gravidade da situação e afirmou estar mobilizada para buscar soluções urgentes. Foi criado um Grupo de Trabalho com representantes da Pró-Reitoria de Permanência e Assuntos Estudantis (PRAE), da Administração (PROAD), da Prefeitura Universitária (PU), da Secretaria de Comunicação (SECOM) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
A primeira reunião do grupo ocorreu em 17 de abril, com as seguintes providências:
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Iluminação nos corredores: Cinco lâmpadas queimadas foram identificadas e serão substituídas. Também será feito o reposicionamento dos sensores de presença para garantir mais segurança.
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Água amarelada: A substituição dos filtros já foi realizada, e a coloração da água voltou ao normal.
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Internet: As falhas de conexão foram resolvidas no mesmo dia da reunião, segundo a equipe técnica.
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Elevadores: Uma empresa terceirizada cuida da manutenção, mas, diante da má prestação de serviço, a UFSC vai abrir um processo administrativo disciplinar contra a prestadora.
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Água quente: Dois boilers abastecem o prédio, mas ambos estão no fim da vida útil. Um deles foi recuperado e voltou a funcionar no feriado, restabelecendo parcialmente o serviço. Para os demais apartamentos, a universidade estuda compra emergencial de novo equipamento ou a instalação de estruturas provisórias de banho quente. Enquanto isso, três chuveiros elétricos estão disponíveis para uso coletivo.
A universidade reforça seu compromisso com a permanência estudantil e aponta o subfinanciamento federal como um dos fatores críticos que dificultam investimentos em infraestrutura.
Atualmente, o auxílio-moradia oferecido pela UFSC é de R$ 300, valor considerado insuficiente para alugar um imóvel em Florianópolis. No bairro Trindade, próximo ao campus, o valor do aluguel aumentou mais de 118% em um ano, segundo dados do índice FipeZap+. O metro quadrado passou de R$ 28,80 para R$ 62,90, tornando praticamente inviável encontrar uma moradia acessível para estudantes de baixa renda.
Mesmo diante das adversidades, muitos alunos continuam firmes, reforçando a importância da moradia estudantil como uma política essencial para a igualdade de acesso ao ensino superior. A UFSC promete seguir atuando para garantir dignidade aos seus residentes, enquanto lida com os entraves orçamentários que limitam suas ações.
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