A segunda fase da operação “Pecados Capitais” movimentou Florianópolis nesta semana. A Polícia Civil cumpriu dez mandados de busca e apreensão em três cidades — Florianópolis, São José e Rio Grande (RS) — e determinou o afastamento de dez funcionários ligados a duas organizações sociais. Entre os afastados estão os presidentes do Instituto Amor Incondicional (Aminc) e do Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas (Nurrevi), entidades responsáveis pela gestão do Restaurante Popular e da Passarela da Cidadania, importantes serviços voltados à população em situação de vulnerabilidade.
As investigações apontam para suspeitas de desvios de verbas públicas na área da Assistência Social. Segundo os investigadores, o esquema começou dentro da própria Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), onde o então secretário adjunto teria atuado na montagem de editais de chamamento público com direcionamento para entidades ligadas a um pastor, que, por sua vez, teria influência nas decisões internas e até na escolha de funcionários.
Com contratos firmados, os serviços seriam superfaturados, recebendo valores acima do que realmente era executado. A apuração também indica que parte dos recursos era desviada para beneficiar diretamente os dirigentes das organizações. Para garantir a devolução de eventuais prejuízos aos cofres públicos, cerca de R$ 3 milhões em bens foram apreendidos.
Essa segunda fase da operação é um desdobramento de investigações iniciadas em dezembro do ano passado. Na ocasião, duas prisões foram efetuadas — a do ex-secretário e do pastor ligado às entidades — e foram executadas buscas em Santa Catarina e no Mato Grosso. Na época, os investigadores já tinham identificado o uso de entidades sociais para drenar dinheiro público por meio de contratos inflados e sem a devida fiscalização.
Agora, com a análise do material recolhido na primeira fase, novas empresas e contratos suspeitos foram detectados, revelando a possível existência de uma estrutura criminosa organizada. A Justiça determinou a suspensão de 16 contratos e o afastamento dos atuais dirigentes investigados.
O Instituto Aminc, por meio de nota, afirmou que colabora com as autoridades e que a decisão de afastamento de seu presidente é compreendida como parte natural do processo investigativo. A entidade também declarou que sempre atuou com transparência e acredita que, ao final das apurações, sua conduta será esclarecida. Já o Nurrevi, até o momento, não se pronunciou.
A Prefeitura de Florianópolis afirmou que não foi alvo da operação nesta etapa e que todos os contratos com as duas entidades já foram encerrados anteriormente. A administração municipal também declarou que segue cooperando com a Polícia Civil.
A operação “Pecados Capitais” continua em andamento, e o valor total que pode ter sido desviado ainda está sendo apurado. A expectativa é que, com a quebra de sigilos e a análise detalhada de documentos, mais informações venham à tona nos próximos meses.
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