O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) voltou a discutir, nesta terça-feira, 6 de maio, a delicada questão envolvendo o nome do campus-sede da instituição, localizado na Trindade, em Florianópolis. A sessão extraordinária foi marcada por forte mobilização da comunidade acadêmica e resultou em mais um adiamento da decisão sobre a possível retirada do nome do ex-reitor João David Ferreira Lima.
A pauta gira em torno do trabalho da Comissão Memória e Verdade (CMV), criada em 2014 para investigar violações de direitos humanos na UFSC durante o período da ditadura civil-militar (1964-1985). O relatório final da comissão, apresentado em 2018, aponta a colaboração de Ferreira Lima com órgãos repressivos do regime, como o Serviço Nacional de Informações (SNI), e traz documentos que mostram a participação dele em denúncias contra estudantes, professores e servidores por atividades consideradas subversivas. Entre os efeitos relatados estão perseguições, demissões e repressão ao movimento estudantil.
Desde que o tema veio à tona, o debate dentro da universidade tem sido intenso. A maioria dos estudantes, técnicos e docentes defende a mudança do nome do campus, considerando as evidências históricas levantadas pela CMV. Por outro lado, familiares do ex-reitor alegam que o relatório é parcial e que não houve direito à ampla defesa. Uma petição foi apresentada em 2023 pedindo a impugnação do documento, alegando desrespeito aos princípios do contraditório.
Durante a sessão do Conselho Universitário, o relator do parecer que trata do caso apresentou uma nova versão do documento, ajustada conforme sugestões da reunião anterior. A proposta atual prevê que qualquer reavaliação de homenagens na universidade só seja realizada após a aprovação de uma resolução específica. Esse novo texto reforça a necessidade de consulta pública, transparência e garantia de defesa para todas as partes envolvidas, visando evitar decisões pontuais e garantir critérios justos.
Entre as mudanças feitas pelo relator está a inclusão de um artigo que estabelece critérios de simetria nas votações para concessão e retirada de homenagens e títulos. Além disso, foram excluídas menções a casos individuais, focando em uma regulamentação mais ampla e institucional. A resolução tem como objetivo oferecer um instrumento que assegure isonomia e segurança jurídica nos processos internos da universidade.
Apesar dos avanços na construção do consenso, a decisão foi novamente adiada após dois conselheiros solicitarem vistas ao processo. Com isso, a votação foi postergada para a próxima semana, mantendo a expectativa sobre o futuro do nome do campus na Trindade, em Florianópolis.
O desfecho desse processo promete ser um marco na história da UFSC, simbolizando um possível reposicionamento institucional diante das memórias do período da ditadura e da defesa dos direitos humanos. Enquanto isso, a comunidade universitária segue atenta e participativa, acompanhando cada etapa desse importante debate.

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