Sob os gritos de “O meu quiridu preste atenção, 7 pavimentos não cabe na Armação”, moradores da Armação do Pântano do Sul, em Florianópolis, foram às ruas neste sábado (7) para protestar contra a construção de um prédio de sete andares com 92 apartamentos à beira-mar. A manifestação foi organizada pelo Fórum Popular do Distrito do Pântano do Sul e contou com a participação de dezenas de pessoas preocupadas com os impactos que o projeto pode trazer à região.
O ato, batizado de “Salve a Armação – 7 pavimentos aqui não!”, teve início às 15h na Rua Hermes Guedes da Fonseca, justamente onde está prevista a obra. Os manifestantes levaram cartazes, faixas e ecoaram palavras de ordem em defesa da identidade, da natureza e da qualidade de vida de um dos bairros mais tradicionais da capital catarinense.
O motivo da revolta é o projeto que, amparado pela revisão do Plano Diretor de Florianópolis aprovada em 2023, pretende erguer um prédio de grande porte em uma área frágil e sem estrutura adequada. A região da Armação do Pântano do Sul não possui sistema de esgotamento sanitário, sofre com o abastecimento de água limitado e enfrenta dificuldades de mobilidade com o tráfego atual. Os moradores temem que a construção aumente a pressão sobre os serviços públicos e comprometa ainda mais o equilíbrio ambiental do local.
Além das deficiências na infraestrutura, o bairro abriga colônias de pesca centenárias, cultura viva que, segundo a comunidade, corre o risco de ser sufocada pela verticalização imposta por interesses imobiliários. A construção, se autorizada, pode descaracterizar a paisagem natural que encanta moradores e turistas.
O novo Plano Diretor da cidade criou as chamadas Áreas de Desenvolvimento Incentivado (ADI), como a da Armação, permitindo edificações maiores para promover o crescimento urbano. No entanto, para os moradores, o desenvolvimento proposto não é equilibrado nem sustentável. Eles denunciam que não foram consultados durante a elaboração da nova lei e que o projeto de expansão urbana ignora as reais necessidades e limitações do bairro.
O caso ganhou força após a divulgação de um abaixo-assinado que denuncia a intenção de lançar o esgoto do prédio diretamente no Rio Sangradouro, com base em autorização da própria Vigilância Sanitária. A indignação aumentou, e com ela, o movimento comunitário se fortaleceu.
A revisão do Plano Diretor de Florianópolis foi enviada pela prefeitura ao Legislativo em 2022 e aprovada em março de 2023, com 19 votos favoráveis. Mesmo com tentativas de barrar a votação por parte de entidades comunitárias, a proposta foi sancionada após liminar judicial que liberou sua tramitação.
O Fórum Popular do Distrito do Pântano do Sul criou uma página nas redes sociais para informar a população e mobilizar apoios. A comunidade reforça que não é contra o desenvolvimento, mas exige planejamento, respeito à história e à cultura local, e soluções reais para os problemas já existentes.
A luta da Armação é um símbolo do desejo dos moradores de Florianópolis por uma cidade mais justa, participativa e que respeite seus territórios. A mobilização segue firme e alerta: “O meu quiridu preste atenção, 7 pavimentos não cabe na Armação”.
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