Uma reunião do Conselho Universitário da UFSC, que deveria tratar da possível mudança do nome do campus da universidade em Florianópolis, terminou em tensão, críticas públicas e uma cena que virou o centro das atenções: a breve coreografia feita por um professor durante a sessão.
O conselheiro Alex Degan, professor da universidade, reagiu às provocações com uma “dancinha” durante a reunião, que foi aberta ao público e contou com a presença de autoridades municipais e representantes de diferentes espectros políticos. O gesto, que arrancou aplausos de parte da plateia e até risos da mesa diretora, foi interpretado por outros como uma afronta à seriedade do debate. Para muitos, tratou-se de uma ironia direcionada às falas e críticas de setores conservadores que estavam presentes. Para outros, um desrespeito total à memória institucional da universidade.
A repercussão foi imediata nas redes sociais. O Secretário de Assistência Social de Florianópolis, Bruno Souza, que participou da sessão, se manifestou publicamente contra o ocorrido. Para ele, o episódio simboliza uma falta de respeito com a sociedade e um ambiente hostil ao contraditório. Segundo suas declarações, vozes contrárias à retirada da homenagem ao ex-reitor João David Ferreira Lima teriam sido silenciadas, e a reunião teria se tornado um palco de deboches.
A advogada Heloísa Blasi Rodrigues, que representa a família do ex-reitor, também criticou o comportamento do professor. Ela pediu que a cena fosse registrada em ata e apontou que o momento foi assistido como uma “graça” pela reitoria, o que, para ela, denota a deterioração do ambiente institucional da UFSC.
Do outro lado, integrantes da comunidade universitária que apoiam a retirada da homenagem veem no gesto do professor uma provocação política, mas legítima. Para esses grupos, a presença de figuras públicas alinhadas à direita foi uma tentativa de pressionar o conselho e esvaziar o debate sobre os efeitos da ditadura militar na história da universidade.
A discussão toda gira em torno de um relatório elaborado pela Comissão Memória e Verdade da UFSC, que recomenda que homenagens concedidas a nomes ligados à repressão durante o regime militar sejam revistas. Entre elas, está a homenagem ao ex-reitor João David Ferreira Lima. O parecer da comissão afirma que ele teria colaborado com perseguições a estudantes e servidores. A família contesta essa versão, e publicou um livro em defesa do ex-reitor, apontando supostos erros e interpretações distorcidas no relatório.
Durante a sessão, o Conselho Universitário analisou um pedido de impugnação feito pela defesa do ex-reitor, que questionava o conteúdo do relatório da comissão. Apesar de reconhecer o direito à contestação, o conselho entendeu que o documento da comissão tem caráter histórico e memorial, e não jurídico. Com isso, o pedido foi rejeitado, embora duas recomendações tenham sido aceitas: a disponibilização do livro de defesa na biblioteca da universidade e a limitação do período de atuação da Comissão.
A decisão sobre a possível retirada do nome do ex-reitor do campus de Florianópolis foi adiada. A votação deve ocorrer no dia 13 de junho, em uma nova sessão do conselho universitário, que deverá contar novamente com atenção da comunidade e, possivelmente, novos capítulos de um debate que está longe de terminar.
No centro de tudo, a dancinha do professor se tornou símbolo do embate: para uns, resistência bem-humorada; para outros, desrespeito ao debate público.
Ver essa foto no Instagram
Compartilhe essa informação com quem precisa saber!
Entre na comunidade do AGORA FLORIPA e receba informações gratuitas no seu Whatsapp!
