A morte do dentista Cezar Maurício Ferreira, dentro de uma cela na Central de Polícia de São José, segue sendo investigada pelas autoridades catarinenses. O caso, que ganhou repercussão e levantou uma série de questionamentos, entrou agora em uma nova fase: os policiais envolvidos na prisão do dentista começaram a ser ouvidos pela Polícia Civil.
Cezar foi detido na noite de sexta-feira, 18 de julho, após se envolver em um acidente de trânsito no bairro Barreiros, em São José. Segundo o registro da Polícia Militar, o dentista apresentava sinais de embriaguez e não conseguiu realizar o teste do bafômetro. Foi autuado e levado à delegacia, onde passou a noite em uma cela e, na manhã seguinte, foi encontrado morto.
A investigação, que corre sob sigilo, busca esclarecer o que realmente aconteceu entre a abordagem e a morte do dentista. Os exames toxicológicos foram solicitados para identificar se ele havia consumido álcool ou outras substâncias. Amostras foram encaminhadas a laboratórios especializados e os resultados são aguardados nos próximos dias.
Ao mesmo tempo, a 12ª Promotoria de Justiça de São José determinou a realização de investigações complementares, com foco na conduta dos agentes públicos. Entre as providências, estão os depoimentos dos policiais militares que efetuaram a prisão e dos agentes civis que estavam de plantão na delegacia durante a madrugada. Também serão ouvidas outras pessoas detidas na mesma noite.
A família do dentista contesta a versão apresentada até o momento. Segundo relatos da defesa, Cezar não bebia por motivos religiosos, levava uma vida saudável e tinha histórico de problemas cardíacos. Familiares acreditam que ele passou mal no momento da abordagem, e que deveria ter sido levado a um hospital, e não para uma cela.
O laudo pericial inicial não apontou a causa exata da morte, reforçando a necessidade de exames mais aprofundados. A defesa de Cezar também destacou que ele chegou a recusar comida e água na delegacia e teria dito a um atendente, entre 1h e 3h da manhã, que estava bem. No entanto, horas depois, foi encontrado sem vida. Um dos presos na cela ao lado relatou ter ouvido um barulho durante a noite, mas não percebeu nada fora do comum e voltou a dormir.
Outro ponto da investigação é o estado de saúde de Cezar antes da detenção. A Promotoria pediu que os familiares sejam ouvidos para relatar como foi o dia anterior ao ocorrido e apresentar documentos médicos, caso existam, sobre eventuais problemas clínicos anteriores.
A Polícia Civil também solicitou um relatório de inteligência para reunir o máximo de informações e acelerar o esclarecimento dos fatos. Já a Polícia Militar declarou que Cezar demonstrava “mais de um sinal de embriaguez”, mas não especificou quais seriam esses sinais.
O veículo de Cezar foi apreendido por estar com licenciamento vencido. Ele era servidor do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, que divulgou nota expressando pesar e afirmando que acompanhará o caso.
Com o avanço das investigações e o início das oitivas dos envolvidos, as autoridades tentam montar um quadro mais claro do que realmente aconteceu na última noite de vida do dentista. O caso mobiliza não apenas a Justiça, mas também a opinião pública, enquanto se aguarda respostas definitivas dos laudos e das apurações em andamento.
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