Moradores da Grande Florianópolis que contrataram pacotes de depilação a laser na rede Laser Fast estão enfrentando um verdadeiro pesadelo. A empresa, que possuía três clínicas na região — duas em Florianópolis (nos bairros Agronômica) e uma em Campinas, São José — teve suas operações encerradas por determinação da Justiça, após mais de 37 mil reclamações em todo o país.
A decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios determinou o fechamento imediato da rede, o bloqueio de R$ 28,3 milhões em bens da empresa e a suspensão de todas as cobranças e divulgações comerciais, incluindo perfis em redes sociais e o site oficial, que segue no ar mesmo após a decisão judicial.
“A 25ª Vara Cível de Brasília determinou o bloqueio de bens da Laser Fast Depilação Ltda. e G Fast Investimentos Ltda. no valor de até R$ 28,28 milhões e estabeleceu medidas cautelares para proteger consumidores prejudicados pelo encerramento repentino das atividades da rede especializada em depilação a laser.
De acordo com a ação proposta pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), foram identificadas mais de 37 mil reclamações de consumidores em todo o país. O órgão ressaltou que milhares de clientes ficaram sem os serviços contratados e não receberam reembolso pelos valores pagos antecipadamente. Além disso, destacou a existência de risco significativo de dilapidação patrimonial por parte das empresas, que já haviam fechado unidades comerciais e possuíam baixo capital social. Para evitar prejuízos maiores aos consumidores, o Ministério Público solicitou tutela de urgência para bloquear ativos financeiros das empresas, impedir novas vendas e suspender cobranças indevidas.
Ao avaliar documentos como relatórios técnicos e registros de reclamações de consumidores, o juiz entendeu demonstrados os requisitos legais necessários para conceder parte da tutela provisória solicitada, especialmente a probabilidade do direito e o risco iminente de dano. Em sua decisão, destacou que “divisa-se o binômio legal exigido […] relevância do fundamento/probabilidade do direito invocado e risco de ineficácia do provimento ou risco de dano”. Além disso, aplicou o Código de Defesa do Consumidor para desconsiderar a personalidade jurídica das empresas, o que permitiu, assim, responsabilizar diretamente seus administradores e garantir a efetividade de eventual ressarcimento dos consumidores.
Entre as determinações impostas pelo magistrado estão a imediata suspensão da divulgação e venda dos serviços em redes sociais, plataformas digitais e site oficial da empresa, além da obrigatoriedade de publicar comunicado oficial informando o encerramento das operações. A decisão ainda suspendeu cobranças extrajudiciais, protestos e negativações relacionadas a serviços não prestados e fixou multa diária de R$ 5 mil para cada evento de descumprimento das obrigações. Também ordenou o congelamento do domínio eletrônico www.laserfast.com.br e autorizou o envio de ofícios a provedores para suspensão de perfis comerciais ligados à marca.
Cabe recurso da decisão.
Acesse o PJe1 e saiba mais sobre o processo: 0716524-85.2025.8.07.0001″ (Fonte: https://www.tjdft.jus.br/)
De acordo com os consumidores, os pacotes de depilação eram vendidos com pagamento parcelado, mas os atendimentos eram interrompidos sem aviso prévio. Ao tentar o reembolso, muitos clientes relatam não receber nenhum retorno da empresa. Na Grande Florianópolis, a situação gerou revolta e frustração, principalmente entre as pessoas que haviam pago valores elevados pelos serviços estéticos.
O Procon de São José confirmou que a unidade da cidade não opera desde o início de 2025 e informou que 32 reclamações foram registradas entre janeiro de 2023 e janeiro de 2025. Todas tratavam de descumprimento de contrato. A empresa também não tem comparecido às audiências de conciliação agendadas pelo órgão.
Além de encerrar as atividades da empresa, a Justiça desconsiderou a personalidade jurídica da marca, ou seja, os sócios e administradores da Laser Fast passam a responder diretamente pelos prejuízos causados aos consumidores, o que pode abrir caminho para ações individuais ou coletivas na tentativa de garantir reembolso.
A Laser Fast tinha 12 clínicas em Santa Catarina, e o caso chamou atenção por seu volume de seguidores nas redes sociais: a empresa contava com 849 mil no Instagram, e o fundador e CEO, um coach de marketing pessoal, acumulava mais de 960 mil seguidores.
Enquanto isso, consumidores da Grande Florianópolis seguem aguardando respostas, com esperança de verem seus direitos reconhecidos e seus prejuízos ressarcidos.
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