Um centro de reabilitação para dependentes químicos e alcoólicos foi interditado em Paulo Lopes, na Grande Florianópolis, após uma sentença judicial determinar o encerramento imediato de suas atividades. A decisão foi tomada após uma longa investigação conduzida pelo Ministério Público de Santa Catarina, que reuniu provas de graves violações de direitos humanos e outras ilegalidades cometidas no local.
O Centro de Recuperação de Toxicômanos e Alcoólatras (CRETA) operava com cinco unidades no município e mantinha adultos, idosos, adolescentes e até crianças em condições extremamente precárias. Os internos eram submetidos a castigos físicos, trabalhos forçados, dopagem com medicamentos sem prescrição, humilhações públicas, abusos sexuais e privação de sono. Além disso, muitos relataram episódios de violência, alimentação insuficiente e retenção de donativos enviados pelas famílias.
A estrutura das unidades era insalubre. Faltavam alvarás sanitários e de funcionamento, a alimentação era precária e não havia profissionais qualificados. A supervisão dos acolhidos era feita por ex-internos, promovidos informalmente a monitores, que também administravam medicamentos de uso controlado sem qualquer capacitação técnica. Entre os castigos aplicados, havia relatos de internos forçados a ajoelhar sobre grãos de feijão, cortar batatas durante a madrugada, ou lavar fezes de animais.
Testemunhos indicam que qualquer tentativa de sair da unidade era punida com dopagem forçada e isolamento. Cartas eram censuradas e contatos com a família, controlados. Um dos casos mais chocantes revelou que um interno foi transportado com bois e porcos, em um caminhão de carga.
Além das denúncias de maus-tratos e tortura, a sentença judicial também apontou a prática de crimes ambientais. A instituição teria desmatado áreas de preservação permanente e construído edificações sem qualquer licenciamento. Também foram identificadas fraudes administrativas, como desvio de benefícios sociais destinados aos acolhidos e uso indevido de recursos para consertos de veículos de gestores.
Mesmo sendo uma entidade registrada como sem fins lucrativos, o CRETA era acusado de enriquecer às custas de internações forçadas e contribuições indevidas. A decisão da Justiça determina que todos os acolhidos sejam transferidos para instituições regulares, com estrutura adequada e fiscalização das autoridades.
O fechamento do CRETA em Paulo Lopes é uma resposta direta à violação sistemática da dignidade humana na Grande Florianópolis. A entidade também está proibida de reabrir ou oferecer qualquer serviço relacionado ao acolhimento de pessoas com dependência química ou alcoólica. Ainda há ações penais em andamento para responsabilizar os envolvidos por crimes como cárcere privado, tortura e lesão corporal grave.


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