Na manhã dessa quarta-feira (18), o busto do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), João David Ferreira Lima, localizado no campus da Trindade, em Florianópolis, amanheceu com mensagens de protesto que rapidamente repercutiram nas redes sociais e no meio político da capital.
A imagem do monumento pichado foi divulgada pelo Secretário de Assistência Social de Florianópolis, Bruno Souza, que classificou o ato como desrespeitoso e lamentou o ocorrido. Para ele, o episódio representa um reflexo do clima de tensão que se instalou em torno da figura de Ferreira Lima, após a decisão recente do Conselho Universitário da UFSC.
Escreveu o Secretário na publicação: “Veja como amanheceu o busto do Fundador da UFSC – João David Ferreira Lima. Essa é turminha “democrática” que diz defender a democracia, turma da tolerância e do amor.”
Na última terça-feira (18), o Conselho aprovou, com 56 votos favoráveis, a retirada do nome de João David Ferreira Lima do campus principal da universidade. A decisão foi tomada com base em relatório da Comissão Memória e Verdade da própria UFSC, que aponta indícios de colaboração do ex-reitor com a repressão do período da ditadura militar. O documento tem mais de 400 páginas e foi elaborado após anos de levantamento histórico e institucional.
Ferreira Lima foi o primeiro reitor da UFSC, exercendo o cargo entre 1962 e 1972. Faleceu em 2001. Segundo o relatório, durante sua gestão, teriam ocorrido perseguições a professores e estudantes alinhados com movimentos de oposição ao regime militar. Esses apontamentos motivaram a recomendação de retirada de todas as homenagens oficiais ao ex-reitor dentro da universidade.
A decisão do Conselho Universitário dividiu opiniões. Muitos estudantes e professores apoiaram a medida, considerando-a um avanço no processo de revisão histórica e no compromisso com os direitos humanos. Por outro lado, há quem critique a retirada, apontando que o relatório não garantiu espaço para a defesa do legado do ex-reitor, destacando ainda suas contribuições para o crescimento da UFSC.
Nas redes sociais, a situação do busto gerou repercussão imediata, com manifestações tanto de apoio quanto de repúdio à ação. A família de Ferreira Lima também se manifestou, questionando o teor do relatório da Comissão e afirmando que o ex-reitor não teve oportunidade de apresentar sua versão.
Por enquanto, a UFSC ainda não anunciou o novo nome do campus da Trindade e também não há data definida para as mudanças físicas, como a substituição de placas e documentos. Enquanto isso, o debate em torno da figura de Ferreira Lima continua mobilizando a comunidade universitária e autoridades locais.
O busto, que permanece no campus, tornou-se mais um ponto de atenção no meio da discussão, agora também marcado por manifestações visuais que expressam o clima de divisão e conflito simbólico em torno da memória institucional da UFSC.

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