Em Santa Catarina, existe uma cidade invisível, formada por mais de 28 mil pessoas que vivem em presídios e penitenciárias espalhados pelo Estado. Esse contingente supera o número de habitantes de mais da metade dos municípios catarinenses e revela um recorte detalhado e impactante da realidade carcerária local.
O sistema prisional do Estado é composto por 54 unidades. Juntas, elas abrigam 28.858 apenados. Se essa população fosse agrupada em uma só cidade, ela ocuparia a 54ª posição entre os maiores municípios catarinenses em número de habitantes, ficando entre Garopaba e Maravilha, segundo o último Censo.
Grande parte dessa população é formada por homens jovens, com idade entre 21 e 30 anos, solteiros, brancos, católicos e com baixa escolaridade. O ensino fundamental incompleto aparece como o grau de instrução mais comum entre os detentos, que, em sua maioria, não conseguiram concluir nem o básico da educação formal.
Os principais crimes que levaram essas pessoas à prisão são tráfico de drogas, roubo, furto e homicídio. Juntos, esses crimes respondem por mais da metade das condenações. O tráfico e a associação para o tráfico, sozinhos, correspondem a 18,3% das prisões.
Apesar da presença de 23 nacionalidades entre os apenados, os estrangeiros representam menos de 0,7% do total. Venezuelanos, paraguaios e haitianos estão entre os mais presentes. Muitos deles não cometeram crimes em solo brasileiro e aguardam extradição.
No recorte racial, a maioria é branca (58,9%), seguida por pardos (30,6%) e pretos (8,4%). Também há, em menor número, indígenas e pessoas da raça amarela. Em relação à idade, quase 70% dos presos têm entre 18 e 40 anos — faixa considerada produtiva da população, que, do lado de fora, costuma estar no mercado de trabalho ou em formação profissional.
A questão religiosa também aparece no levantamento. Quase metade dos apenados se identifica como católica, enquanto os evangélicos representam cerca de 23%. Outros credos, como religiões afro-brasileiras, espíritas, adventistas e budistas, compõem um grupo menor, mas presente.
A estatística sobre o estado civil também chama atenção: 57,6% dos apenados são solteiros. O número de casados, pessoas em união estável ou divorciadas aparece bem abaixo.
Esses dados ajudam a traçar o perfil médio de quem está encarcerado em Santa Catarina e revelam padrões sociais que se repetem em outras regiões do Brasil: juventude, baixa escolaridade e vulnerabilidade social.
A realidade dentro dos presídios, com alta concentração de crimes violentos e influência de organizações criminosas, é desafiadora. Ao mesmo tempo em que reflete o trabalho de combate da segurança pública, evidencia também o quanto essas estruturas precisam estar preparadas para lidar com reintegração social e prevenção.
Santa Catarina tem a 10ª maior população do país, mas já ocupa o 7º lugar no ranking nacional de população carcerária. Isso coloca em pauta o uso do encarceramento como política criminal e levanta discussões sobre sua eficácia e os caminhos para reduzir a reincidência e promover alternativas que evitem o ciclo do crime.
Na Grande Florianópolis e em todo o Estado, essa realidade se desenha como uma camada pouco visível da sociedade, mas que exige atenção, planejamento e ações integradas para um futuro mais seguro e equilibrado.
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