Um crime movido por ciúmes dentro de uma facção criminosa está sendo julgado em Palhoça, na Grande Florianópolis. O caso, que aconteceu no dia 25 de dezembro de 2020, dia de Natal, envolve o assassinato de um integrante da facção PGC (Primeiro Grupo Catarinense), acusado de se envolver com a ex-namorada de outro membro da organização.
No mundo do crime organizado, essa situação é chamada de “talaricagem” — quando alguém se relaciona com a companheira ou ex de outro. De acordo com a denúncia do Ministério Público, quatro homens estão envolvidos na morte de Wederson Benitz, conhecido como “Fuzil”.
Tudo começou quando Wederson, que também fazia parte da facção, iniciou um relacionamento com a ex-namorada de Rafael Hack, chamado no meio criminoso de “Amaral”. O relacionamento entre a mulher e Rafael havia terminado cerca de sete meses antes, depois que ela descobriu que estava sendo traída. Na época, ela até chegou a pedir autorização da própria facção para parar de visitar Rafael no presídio.
Mais tarde, ela se aproximou de Wederson, que também era integrante da facção e amigo de infância de Rafael. A notícia do novo romance irritou Rafael, que exigiu que o casal fosse punido com a morte, alegando que foi desrespeitado.
Mesmo com a tentativa da mulher de evitar o pior, pedindo à cúpula da facção que não houvesse vingança, duas lideranças importantes do grupo criminoso, Geovane Niches, conhecido como “Bomba”, e Gustavo Salum, o “Dancinha”, determinaram o assassinato de Wederson. A mulher, no entanto, não foi incluída na ordem de execução.
No Natal de 2020, quando Wederson havia recém-saído da prisão, foi chamado por Gustavo Jacinto, conhecido como “Maquinista”, para fazer uma ronda no bairro Jardim Eldorado. A desculpa era que membros de uma facção rival estariam ameaçando o território. Após a ronda, eles foram até a casa de Wederson. Lá, Maquinista, ao perceber que o colega estava desarmado, atirou várias vezes contra ele, matando-o. Outro criminoso encapuzado também teria participado da execução.
O julgamento dos acusados está acontecendo no Tribunal do Júri de Palhoça, nesta quinta e sexta-feira, com sessões previstas para começar às 9h. O caso chama atenção pela brutalidade e pelas rígidas regras internas das facções, que ainda hoje continuam impondo normas até em questões de relacionamento pessoal. O crime revela como o poder e o controle dentro dessas organizações ultrapassam os limites do tráfico e da violência urbana, interferindo diretamente nas vidas afetivas de seus membros.
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