Há exatos 125 anos, o Mercado Público de Florianópolis abria suas portas, tornando-se não apenas um ponto de comércio, mas uma testemunha viva das transformações que moldaram a cidade ao longo do tempo. Desde 1899, esse ícone histórico presenciou a evolução urbana, o avanço sobre o mar, a instalação de instituições importantes e as mudanças na paisagem que o cercava.
Quando inaugurada a primeira ala, apenas o Palácio do Governo, o Hospital de Caridade, o Teatro Álvaro de Carvalho, a Capitania dos Portos e o Colégio Catarinense se destacavam como construções imponentes em meio a casas baixas, chácaras e sítios. O cenário, registrado na memória dos mais antigos, revelava uma Florianópolis diferente, com ondas batendo onde hoje encontramos o vão central do Mercado.
Para viabilizar a expansão com a ala Sul, foi necessário criar um aterro sobre o mar em 1931. Nas décadas seguintes, a cidade testemunhou grandes mudanças, como a instalação da UFSC e da Eletrosul nos anos 60, seguida pela construção da ponte Colombo Salles na década de 1970, que alterou o contato do centro histórico com o mar.
O Mercado Público, antes cenário de canoas, batelões e baleeiras, viu a paisagem transformar-se com o advento do transporte rodoviário. Municípios vizinhos como Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, Palhoça, São José e outros começaram a abastecer o mercado em larga escala, marcando a época das feiras de produtos coloniais.
Nos anos 1980, surgiram desafios com a concorrência de supermercados, shoppings e comércios nos bairros, levando a algumas reformas emergenciais. O incêndio de 2005 foi um ponto de virada, resultando em reconstrução e mudanças significativas. Após essa fase turbulenta, o Mercado Público buscou uma identidade renovada, transformando-se em ponto turístico e gastronômico com um perfil mais cosmopolita.
Atualmente, o presidente da Associação do Mercado Público Municipal, Osvaldo Martins Filho, destaca planos para novas licitações visando ocupar boxes vazios e uma possível adequação do mix de produtos. O Mercado, mesmo após 125 anos, continua a ser um reflexo dinâmico da cidade, trazendo histórias como a de Renata Borba, gerente de um dos estabelecimentos, que há nove anos faz parte do cenário único do Mercado Público.
Ao celebrar 125 anos, o Mercado Público não é apenas um local de comércio, mas um patrimônio que respira a história, as mudanças e a cultura de Florianópolis. Seus corredores contam mais do que transações comerciais; contam a saga da cidade e de seus habitantes, proporcionando uma experiência única para nativos e visitantes.
