A Lagoa da Conceição, em Florianópolis, passou a contar com um novo sistema de monitoramento em tempo real. No final de julho, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) instalou a boia UFSC-1, capaz de registrar dados ambientais a cada cinco minutos em diferentes profundidades. As informações, disponíveis online no site do Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SIMCosta), incluem temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, luz, turbidez, concentração de algas e nível da água.
O objetivo é acompanhar de perto a formação de uma zona morta — área onde a vida aquática tem dificuldade para sobreviver pela falta de oxigênio. Segundo especialistas, a abertura do canal da barra, na década de 1980, alterou a dinâmica da lagoa, aumentando a entrada de água salgada. Esse processo impactou a fauna local e contribuiu para a diminuição do oxigênio em determinadas camadas da água.
A presença de nutrientes vindos da agricultura, da pecuária e do esgoto também acelera esse fenômeno, pois alimenta o crescimento excessivo de algas. Quando morrem, essas algas se decompõem, consumindo ainda mais oxigênio. Sem oxigênio suficiente, peixes, siris e camarões desaparecem, comprometendo a biodiversidade e afetando atividades ligadas ao turismo e à pesca.
Além da baixa oxigenação, outro sinal de alerta foi a coloração avermelhada da água observada por pescadores locais. Amostras analisadas identificaram a presença de uma bactéria que prospera em ambientes sem oxigênio e libera gás sulfídrico, contribuindo para a acidificação da lagoa.
Eventos climáticos também interferem diretamente nas condições da Lagoa da Conceição. Chuvas intensas aumentam a turbidez e levam mais nutrientes para a água, enquanto ondas de calor reduzem a solubilidade do oxigênio, agravando o quadro da zona morta.
Com os sensores da boia, será possível observar em tempo real como essas variáveis se comportam. O monitoramento inclui dados como:
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Oxigênio dissolvido: ideal acima de 6,5 mg/L; abaixo de 2 mg/L indica zona morta.
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Clorofila: representa a biomassa de microalgas, com limite adequado até 2,5 ug/L.
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Luz (PAR): fundamental para a fotossíntese e para manter a cadeia alimentar.
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Pressão: mostra a profundidade da coluna d’água.
A iniciativa conta com o apoio da Fapesc, CNPq, SIMCosta e INCT-TMCOcean, além de materiais de conscientização distribuídos à comunidade, como folders e cartazes. As recomendações principais são não tocar na boia nem em seus sensores, manter distância segura e ter cuidado com embarcações e esportes náuticos próximos à estrutura.
Os dados coletados pela boia serão usados em modelos que simulam cenários da Lagoa da Conceição, oferecendo subsídios para que gestores tomem decisões mais eficazes de preservação ambiental. Além disso, os estudos fazem parte de metas globais estabelecidas pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial o ODS 14, que trata da preservação da vida marinha.
A boia UFSC-1 representa um avanço no acompanhamento científico da Lagoa da Conceição, integrando pesquisa, tecnologia e informação pública para compreender melhor os desafios ambientais desse cartão-postal de Florianópolis.

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