Um momento que deveria ser de contemplação à natureza terminou em apreensão na Praia do Matadeiro, no Sul da Ilha, em Florianópolis. Uma embarcação motorizada foi flagrada se aproximando perigosamente de uma baleia-franca e seu filhote, numa área de proteção natural para a espécie. O episódio aconteceu no fim da tarde do dia 22 de julho e agora é alvo de investigação por parte do Ibama, que apura possível crime ambiental.
A cena foi registrada por um drone que filmava as baleias no local. Nas imagens, é possível ver o barco passando por cima da cauda da baleia, que estava na superfície ao lado do filhote. Segundo testemunhas, havia ao menos três pares de mãe e filhote na área no momento do incidente.
A situação acendeu um alerta importante: entre os meses de julho e novembro, o litoral catarinense se transforma em um verdadeiro berçário marinho. É nessa época que as baleias-francas migram em busca de águas mais quentes e calmas para parir e amamentar seus filhotes. Qualquer perturbação nesse ambiente pode trazer riscos à saúde dos animais, especialmente dos filhotes, ainda frágeis e dependentes das mães.
A legislação brasileira é clara quanto à proteção desses cetáceos. A Lei Federal nº 7.643/1987 proíbe expressamente qualquer forma de perseguição, caça ou assédio contra baleias e golfinhos em todo o território nacional. Além disso, a Portaria nº 117/1996 do Ibama estabelece uma distância mínima de 100 metros para embarcações com motor em funcionamento, sendo vedada qualquer aproximação que interfira no comportamento natural dos animais.
Mesmo fora da chamada APA da Baleia Franca — uma área de proteção ambiental que abrange parte do litoral catarinense — as regras continuam válidas. A Praia do Matadeiro, local do ocorrido, e outras regiões como o Moçambique, embora não estejam dentro da APA, devem seguir as normas gerais para proteção da espécie.
O Ibama já identificou a embarcação envolvida no caso e está em processo de troca de informações com a Capitania dos Portos para entender melhor os detalhes da ocorrência. O instituto reforça que, mesmo ações movidas por curiosidade ou boas intenções, como se aproximar demais para observar ou fotografar, podem representar risco real para os animais e também para as pessoas a bordo.
O caso também chamou atenção por outro vídeo, gravado no mesmo dia, que mostra o momento exato em que o barco parece atingir a parte traseira do corpo da baleia, próximo à cauda. Ainda não há confirmação sobre ferimentos no animal, mas a situação gerou preocupação entre ambientalistas, fotógrafos da vida selvagem e órgãos ambientais.
A operação de fiscalização da temporada de baleias no litoral catarinense já está em andamento. Batizada de “Pirapuã”, ela faz parte de um plano de ação nacional que busca garantir a segurança da espécie durante sua permanência no litoral brasileiro. As medidas incluem monitoramento por terra, ar e mar, além de campanhas de conscientização com pescadores e operadores turísticos.
A baleia-franca, que pode chegar a 17 metros de comprimento e pesar até 60 toneladas, ainda é considerada uma espécie ameaçada de extinção. A presença desses gigantes gentis no mar de Florianópolis é motivo de encanto, mas também de responsabilidade.
O Ibama reforça que qualquer avistamento de embarcações próximas demais ou atitudes que coloquem as baleias em risco deve ser denunciado. A proteção da vida marinha depende da ação conjunta de órgãos ambientais, sociedade civil e, acima de tudo, do respeito à natureza.
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