Um esquema de estelionato com ramificações em três estados e prejuízo estimado em mais de R$ 6 milhões teve início na Grande Florianópolis. A Polícia Civil revelou que o golpe, conhecido como “golpe do BNDES”, começou em 2021, com a abertura da primeira empresa utilizada para enganar empresários: a NSE Consultoria, sediada na capital catarinense.
O suspeito, um homem natural de Blumenau, vivia em um apartamento de luxo no bairro Agronômica, um dos endereços mais valorizados de Florianópolis. Da cobertura com vista para o mar, ele dava os primeiros passos em um esquema que usava o nome do BNDES para atrair pequenas e médias empresas da região com promessas de reestruturação financeira e acesso facilitado a linhas de crédito.
Como funcionava o golpe na Grande Florianópolis
O suspeito se apresentava como um consultor financeiro. Com discurso profissional, oferecia às empresas um plano completo de reestruturação, prometendo intermediar a liberação de recursos do BNDES — supostamente destinados ao crescimento e desenvolvimento dos negócios.
As vítimas, acreditando na credibilidade do plano e da instituição usada como fachada, aceitavam pagar taxas, comissões e adiantamentos para garantir o andamento do processo. Esses valores eram depositados em contas bancárias diversas, sendo a maior parte direcionada para uma conta ligada diretamente ao investigado. O restante era repassado para contas em nome da esposa, da mãe e até do filho do suspeito.
Segundo a investigação, 15 empresas de Santa Catarina foram prejudicadas — algumas delas com sede ou atuação na Grande Florianópolis. Nenhuma das promessas de crédito se concretizava. Após o pagamento, as empresas eram deixadas no prejuízo e sem qualquer resposta.
Mansão, carros de luxo e vida de aparências
Durante o período em que esteve na capital catarinense, o principal suspeito viveu com ostentação. Morava em uma cobertura na avenida Beira-Mar Norte e alugava veículos de alto padrão, alguns com valor de mercado superior a R$ 250 mil. Apesar disso, não há patrimônio registrado oficialmente em nome dele.
Com o avanço das investigações, ele deixou Florianópolis e passou a circular entre outras cidades catarinenses, Paraná e São Paulo. A operação da Polícia Civil deflagrada nesta quinta-feira (24) incluiu o cumprimento de 21 mandados de busca e apreensão em três estados, incluindo nove cidades de Santa Catarina. Na Grande Florianópolis, os mandados foram executados em endereços de Florianópolis e Biguaçu.
Documentos e equipamentos eletrônicos foram apreendidos para aprofundar a apuração. Até o momento, não houve prisões.
Próximos passos da investigação
A Polícia Civil aponta que o investigado deve responder por estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A suspeita é de que os familiares sabiam do esquema e colaboravam com o recebimento dos valores desviados.
Enquanto a investigação avança, o BNDES reforça que não atua por meio de agenciadores ou consultores e que todas as operações da instituição são feitas exclusivamente por meio de sua rede de mais de 60 instituições financeiras credenciadas. A instituição se colocou à disposição das autoridades e apoia integralmente as investigações.
O caso reforça a importância de atenção redobrada na contratação de serviços financeiros e no uso indevido do nome de órgãos públicos para fins criminosos. A história começou na Grande Florianópolis, mas o impacto financeiro e a rede de vítimas ultrapassaram as divisas de Santa Catarina.
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