Um caso envolvendo a morte de um dentista e servidor público federal dentro de uma cela da Polícia Civil, em São José, tem causado comoção e levantado diversos questionamentos. Cezar Maurício Ferreira, de 52 anos, foi encontrado sem vida na manhã de sábado, 19 de julho, horas depois de ter sido detido por suposta embriaguez ao volante, após se envolver em um acidente sem vítimas.
Na noite anterior, sexta-feira (18), Cezar dirigia um Peugeot pela rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Jardim Cidade de Florianópolis, quando colidiu levemente na traseira de um Jeep Compass. O acidente foi apenas com danos materiais. Quando a Polícia Militar chegou ao local, constatou que ele estava desorientado e não conseguiu realizar o teste do bafômetro. Segundo o registro policial, ele apresentava mais de um sinal de embriaguez e foi conduzido até o Plantão da Polícia Civil, no bairro Barreiros.
Ele deu entrada na delegacia por volta das 20h49, segundo registro oficial. Ainda na madrugada, ficou recluso sozinho em uma cela. A detenção foi feita com base em um auto de constatação de embriaguez, e ele não recebeu atendimento médico. Foi somente na manhã seguinte, por volta das 7h40, que os policiais perceberam que algo estava errado. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, mas apenas para constatar o óbito.
O laudo preliminar indicou ausência de sinais de violência, mas exames complementares foram solicitados para apurar a real causa da morte. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar as circunstâncias.
A família de Cezar Maurício afirma que ele não fazia uso de bebidas alcoólicas e acredita que ele tenha sofrido um infarto enquanto dirigia. De acordo com seus familiares, ele apresentava sintomas visíveis de um mal súbito — como confusão mental e dificuldades na fala — e, em vez de socorro médico, foi colocado em uma viatura policial e depois em uma cela. A defesa da família considera que ele deveria ter sido levado para um hospital, e não para uma delegacia.
O sentimento de dor se agravou pelo fato de os familiares não terem sido informados nem da detenção, nem da morte. Segundo a nota divulgada por seus entes queridos, a notícia do falecimento chegou por terceiros, horas depois. Eles ainda lamentam não terem conseguido cumprir o desejo de Cezar de ser cremado, já que, por determinação judicial, o corpo foi retido para apuração, considerando a morte como “violenta”.
Ex-tenente da Marinha e funcionário do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC), Cezar Maurício Ferreira era conhecido por sua dedicação e integridade. A família cobra uma investigação rigorosa e defende mudanças nos protocolos policiais, para que outras pessoas não enfrentem situações semelhantes. A expectativa agora é de que os laudos complementares e o inquérito da Polícia Civil esclareçam os detalhes que cercam a morte de Cezar.
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