O resgate de uma baleia-franca com um filhote, registrado na Praia da Pinheira, em Palhoça, ganhou grande repercussão nos últimos dias. O animal estava preso em uma rede de pesca desde a quinta-feira (10), e a cena do momento em que um homem, com uma prancha de stand-up paddle, se aproxima e retira a rede viralizou nas redes sociais. Apesar da comoção pública e dos elogios ao gesto, a ação está sendo investigada pelo Ibama — e pode trazer consequências legais.
A baleia, que já era monitorada por órgãos ambientais, estava sob acompanhamento técnico desde que foi avistada com o enrosco. As equipes tentaram se aproximar por meio de embarcação, mas a fêmea mergulhava sempre que percebia qualquer aproximação. A avaliação oficial foi de que a rede não causava ferimentos visíveis nem atrapalhava a amamentação do filhote, além de não comprometer a mobilidade do animal. Por isso, a orientação foi acompanhar o caso à distância, esperando que a rede se soltasse naturalmente — o que já aconteceu em situações semelhantes na região.
Dois dias depois, no sábado (12), um homem entrou no mar com sua prancha e, sozinho, retirou a rede da baleia. O ato, capturado por drone, foi amplamente divulgado e aclamado nas redes sociais. Ele passou a ser chamado de “herói da baleia” por milhares de pessoas. No entanto, o desenrolar da história atraiu a atenção das autoridades ambientais.
O Ibama abriu investigação para apurar se a intervenção causou algum prejuízo à baleia ou ao filhote. Até o momento, o órgão não confirmou a aplicação de multa, mas reforça que ações de desenredamento de cetáceos são reguladas por uma portaria específica, emitida em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes. A norma determina que esse tipo de procedimento só pode ser realizado por equipes treinadas, autorizadas e com estrutura apropriada.
Segundo especialistas, embora a intenção do homem possa ter sido nobre, sua atitude poderia ter colocado em risco a integridade da baleia, do filhote e dele próprio. O protocolo visa evitar justamente esse tipo de exposição, tanto para os animais quanto para civis, diante do comportamento imprevisível e do porte dos cetáceos.
A baleia resgatada já era conhecida do Instituto Australis, que acompanha os movimentos da espécie no litoral catarinense. Catalogada desde 2022, ela havia sido vista em Itapoá no início de julho, e agora apareceu na Praia da Pinheira com um filhote recém-nascido. A migração dessas baleias-franca é comum entre julho e novembro, período em que se aproximam do litoral sul do Brasil para dar à luz e amamentar os filhotes.
A recomendação das autoridades segue sendo a de que qualquer avistamento de baleias em situação de risco deve ser imediatamente comunicado aos órgãos responsáveis, evitando ações individuais que possam colocar em perigo todas as partes envolvidas.
Enquanto a investigação segue, o homem que realizou o resgate aguarda a decisão oficial. Por ora, não há confirmação de multa, mas o caso serve como alerta sobre os limites da atuação civil em situações envolvendo animais silvestres, mesmo quando movida por empatia e boas intenções.
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