Desde 2023, Biguaçu tem sido exemplo para todo o Brasil ao oferecer gratuitamente o implante contraceptivo por meio da rede pública de saúde. A iniciativa, implementada com recursos próprios da Prefeitura, coloca o município entre os pioneiros na disponibilização do método, que só foi oficialmente incorporado ao SUS em julho de 2025.
O bastonete, conhecido como Implanon, tem apenas 4 centímetros de comprimento e 2 milímetros de diâmetro. Pequeno, discreto e altamente eficaz, ele é implantado sob a pele do braço e tem duração de até três anos, sendo considerado mais eficiente até que métodos como DIU hormonal e laqueadura.
Acesso gratuito para quem mais precisa
O implante é oferecido gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e no Ambulatório de Saúde da Mulher, anexo à Policlínica Municipal Luiz Carlos Martins. Na rede particular, esse tipo de método pode custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. Com o objetivo de democratizar o acesso, o município investiu mais de R$ 1,1 milhão na compra dos dispositivos e na capacitação das equipes.
Ao todo, 81 profissionais da saúde foram treinados — 56 enfermeiros e 25 médicos — em cinco formações específicas sobre o uso do método, desde a aplicação e retirada até o acolhimento e orientação das pacientes.
Critérios para o uso e grupos prioritários
Para garantir que o método chegue às pessoas com maior necessidade, foi criado um protocolo clínico com critérios específicos de elegibilidade, que inclui:
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Adolescentes de 12 a 18 anos;
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Mulheres com três ou mais filhos ou cesáreas;
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Pacientes vivendo com HIV/Aids;
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Pessoas em situação de rua, com transtornos psiquiátricos graves ou com déficit cognitivo;
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Beneficiárias do Auxílio Brasil e profissionais do sexo;
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Mulheres com histórico de complicações na gestação, como pré-eclâmpsia grave ou precoce;
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Puérperas de alto risco;
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Mulheres com trombofilias ou alterações de coagulação;
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Casos com acionamento prévio do Conselho Tutelar por negligência no pré-natal.
Reconhecimento além das fronteiras
O programa de Biguaçu já ultrapassou as fronteiras do município. Em 2024, foi apresentado e premiado no Seminário do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (COSEMS), sendo reconhecido como boa prática da Atenção Primária à Saúde e classificado para a etapa nacional.
A experiência também foi levada ao Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), ao Congresso de Municípios, Associações e Consórcios de Santa Catarina (COMAC) e ao encontro promovido pela Gerência Regional de Saúde.
Com resultados concretos, impacto direto na vida de quase 2 mil mulheres e um modelo de atenção pensado para o cuidado integral, o programa de Biguaçu se consolida como referência nacional em saúde pública, planejamento reprodutivo e equidade de acesso.
Agora, com a incorporação do método ao SUS, a experiência local reforça o potencial transformador das políticas públicas quando pensadas com estratégia, investimento e compromisso com quem mais precisa.
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