A Polícia Civil de Santa Catarina conseguiu após um trabalho complexo localizar e prender um homem que vivia como um verdadeiro “fantasma” há duas décadas, foragido da Justiça do Paraná. A captura aconteceu na manhã desta quinta-feira (10), no bairro da Barra da Lagoa, em Florianópolis, quando o suspeito deixava uma obra.
A missão, batizada de Operação Fantasma, mobilizou investigadores da Delegacia de Capturas da DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) e exigiu três meses de apurações detalhadas, enfrentando um obstáculo incomum: o homem não tinha rastros.
Nenhuma fotografia, nenhuma digital registrada oficialmente. Ele havia apagado as próprias pegadas.
O que se sabia era que ele tinha dois mandados de prisão em aberto por crimes como homicídio, tráfico de drogas e roubo — um deles com sentença definitiva superior a 24 anos de reclusão. Mas localizar alguém com essa ficha e sem registros atualizados exigia mais do que tecnologia: pedia estratégia e paciência.
O ponto de virada na investigação surgiu quando os policiais encontraram um boletim de ocorrência de 2017, registrado em Santa Catarina, no qual o foragido aparecia dirigindo o carro de sua companheira. A partir desse dado aparentemente banal, a equipe começou a montar o quebra-cabeça. Descobriram que o casal tinha dois filhos, registrados com o nome verdadeiro do homem procurado.
A partir daí, o nome falso começou a ruir. Com base em cruzamentos de dados, buscas por características físicas e documentos antigos, os investigadores chegaram a detalhes que confirmaram a identidade real do suspeito.
Uma cicatriz no dedo indicador da mão esquerda, descrita em um registro criminal do Paraná, bateu com uma fotografia de um procedimento policial feito por ele no Distrito Federal, em 2004 — ainda sob o nome falso.
A assinatura nos documentos também levantou suspeitas: a grafia era praticamente idêntica àquela usada nos registros oficiais do Paraná.
A prova definitiva, no entanto, veio com uma digital armazenada em um documento de alistamento militar de 1996. O polegar direito marcou o fim do disfarce. O documento de identidade que ele usava era falso e, pior, o número de RG pertencia a outra pessoa, no estado de Goiás.
Ao ser abordado no bairro da Barra da Lagoa, o homem não resistiu. Foi levado até a Polícia Científica, onde suas digitais foram recolhidas e confirmaram, sem margem de dúvida, que se tratava do foragido do Paraná.
Após os trâmites iniciais, o preso foi encaminhado à Central de Plantão Policial da Capital e, em seguida, transferido para o sistema prisional, onde cumprirá sua pena. Além dos crimes anteriores, ele também será processado por falsidade ideológica, por ter utilizado identidade falsa por tantos anos.
A operação só teve êxito graças ao trabalho conjunto da DECAP/DEIC com o Centro de Operações de Fronteiras. Informações anônimas enviadas à Polícia Civil foram decisivas para iniciar a caçada a um dos fugitivos mais difíceis de localizar dos últimos anos.
A Polícia Civil de Santa Catarina reforça que informações sobre foragidos podem ser enviadas de forma anônima e segura pelo e-mail deic-capturas@pc.sc.gov.br, ou acessadas no Portal Foragidos da PCSC.

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