A Universidade Federal de Santa Catarina vive um momento de revisão histórica. A decisão de retirar o nome do ex-reitor João David Ferreira Lima do campus principal da instituição, no bairro Trindade, em Florianópolis, foi aprovada pelo Conselho Universitário com 56 votos favoráveis. O ponto de partida para essa mudança veio do relatório elaborado pela Comissão de Memória e Verdade (CMV), que analisou documentos, contextos e condutas do ex-reitor durante o regime militar no Brasil.
Um dos professores envolvidos diretamente com esse trabalho é Paulo, do Departamento de História. Ele participou da própria CMV e atualmente atua na implementação das recomendações indicadas no extenso relatório de mais de 400 páginas. Em um vídeo divulgado após a decisão do Conselho, o professor explica os motivos pelos quais a Comissão defendeu a retirada de homenagens a Ferreira Lima na universidade.
Segundo o professor, os documentos analisados indicaram que o ex-reitor teria colaborado com o regime militar, inclusive perseguindo professores e estudantes durante sua gestão, que durou de 1962 a 1972. Esses registros teriam sido essenciais para que a CMV recomendasse a remoção do nome de Ferreira Lima não apenas do campus da Trindade, mas também de placas, estátuas e documentos institucionais.
A iniciativa de revisar essas homenagens teve início em 2018, quando a CMV sugeriu que a universidade reavaliasse tributos prestados a pessoas ligadas a violações de direitos humanos. A proposta ganhou força nos últimos anos, culminando na recente votação.
Enquanto parte da comunidade universitária considera a medida uma reparação histórica importante, representantes da família de Ferreira Lima contestam a decisão. Eles alegam que o ex-reitor não teve direito de se defender e afirmam que sua contribuição para a universidade foi significativa, mesmo considerando o contexto político da época.
Apesar da decisão já estar tomada, a UFSC ainda não definiu qual será o novo nome do campus da Trindade. Também não há prazo estabelecido para as mudanças físicas e documentais. A escolha do novo nome deverá considerar os princípios democráticos e a valorização da memória coletiva e dos direitos humanos.
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