O prédio da antiga rodoviária de Florianópolis, localizado na esquina das avenidas Mauro Ramos e Hercílio Luz, segue no centro de uma disputa que envolve o Ministério Público, a Prefeitura e a população da cidade. Na tarde desta quarta-feira (30), o local foi alvo de uma vistoria emergencial realizada pelo Ministério Público de Santa Catarina. O objetivo foi avaliar tanto o risco estrutural quanto o possível valor histórico do imóvel, que está atualmente protegido por uma medida judicial que impede sua demolição.
Durante a inspeção, realizada por promotores de Justiça e técnicos do Centro de Apoio Operacional Técnico (CAT), foram identificados sérios problemas na estrutura do prédio. No segundo andar, o único espaço com acesso interno possível, foi constatado um grau avançado de deterioração, com risco real para a segurança da população que circula pela área. Do lado de fora, o imóvel segue cercado apenas por tapumes frágeis, e é frequentemente utilizado como abrigo por pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
A vistoria integra uma série de ações do Ministério Público para apurar a atual situação do imóvel. A 30ª Promotoria de Justiça abriu uma notícia de fato para investigar a falta de medidas eficazes por parte do Município na proteção do prédio. Além disso, há outra frente de atuação na 28ª Promotoria, que conseguiu na Justiça uma decisão impedindo qualquer intervenção ou demolição antes da conclusão de um estudo técnico que está em andamento.
O CAT tem agora um prazo de 20 dias para entregar um parecer técnico que será decisivo para os próximos passos. Enquanto isso, a Justiça determinou que barreiras mais eficazes sejam instaladas ao redor do prédio, para evitar novas invasões ou depredações, que vêm se tornando frequentes.
A situação da antiga rodoviária também levanta questões sobre a posse do imóvel. Há uma duplicidade de registros, com matrículas em nome tanto do Estado quanto do Município, o que pode afetar diretamente a definição do seu destino futuro.
Construído em 1959, o prédio surgiu com base na Lei Municipal nº 319/1957. Originalmente pensado para abrigar um mercado público, acabou transformado no principal terminal rodoviário da Capital, funcionando como tal até meados de 1981. Desde então, o espaço passou por diferentes ocupações comerciais e, nas últimas décadas, ficou abandonado. A proposta inicial previa que o terreno fosse explorado por 30 anos pela iniciativa privada, mas isso nunca foi concretizado.
Na vistoria desta quarta-feira, a presença de representantes do Ministério Público mobilizou a comunidade. Moradores foram até o local e pediram a demolição da estrutura, alegando medo e insegurança por conta do abandono e da crescente presença de usuários de drogas na área.

O futuro da antiga rodoviária de Florianópolis segue indefinido. Entre riscos estruturais, valor histórico e disputas jurídicas, o prédio permanece como um símbolo de uma parte importante da memória urbana da Capital — ao mesmo tempo que levanta preocupações sobre segurança, patrimônio e uso público.
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