Um novo estudo da Universidade Federal de Santa Catarina trouxe um alerta importante para quem frequenta algumas das praias mais conhecidas do estado. Segundo os pesquisadores do Programa Ecoando Sustentabilidade, as obras de aterro realizadas nos últimos anos em praias de Florianópolis e Balneário Camboriú estão gerando impactos negativos tanto na segurança dos banhistas quanto na qualidade da água.
A análise, publicada na Nota Técnica nº 05/2025, mostra que as intervenções feitas nas praias de Canasvieiras, Ingleses, Jurerê e Balneário Camboriú não estão seguindo corretamente os projetos licenciados e causaram mudanças preocupantes. Entre os principais problemas estão o aumento de afogamentos e a piora na balneabilidade, ou seja, a água está ficando mais imprópria para banho.
De acordo com os dados, todas as praias que passaram por aterro registraram mais ocorrências de salvamento pelos guarda-vidas depois das obras. Em Canasvieiras, por exemplo, foram apenas dois salvamentos nos dois anos antes da intervenção. Depois do alargamento da faixa de areia, o número subiu para dez. Nos Ingleses, o número passou de 69 para 185 em apenas um ano. Já em Balneário Camboriú, os casos saltaram de 374 para 821 ao longo de três anos.
Esses números estão sendo associados a alterações no comportamento do mar. O estudo aponta que, com o novo formato das praias, aumentou a formação de correntes de retorno, que são perigosas para os banhistas e podem arrastar as pessoas para longe da areia rapidamente.
Além do risco de afogamento, a análise também mostrou que a qualidade da água piorou nas praias aterradas. Usando dados do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, os pesquisadores observaram que aumentaram os registros de amostras impróprias para banho durante e após as obras. Em Canasvieiras, por exemplo, dobrou o número de amostras ruins. Nos Ingleses e em Camboriú, esse número triplicou.
Outro ponto levantado no estudo é a diferença entre a areia original e a areia usada nos aterros. Segundo os pesquisadores, o material colocado nas praias não corresponde às características naturais do local e, além disso, não está de acordo com a legislação ambiental.
O grupo de pesquisa ainda destacou que muitos dos programas ambientais obrigatórios para a validade das licenças não estão sendo realizados, o que levanta sérias preocupações sobre o processo de fiscalização dessas obras.
Como solução, os pesquisadores propõem que projetos que movimentem mais de 100 mil metros cúbicos de areia passem a ser classificados como empreendimentos de grande porte, o que exigiria a realização de um Estudo de Impacto Ambiental mais completo. Para isso, seria necessária uma mudança na atual Resolução 98/2017 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema).
O documento termina com um apelo pelo reforço na fiscalização e pela revisão das normas ambientais, buscando proteger não só o meio ambiente costeiro, mas também a vida de quem frequenta as praias de Florianópolis e do litoral catarinense.
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