A manhã desta quinta-feira (19) foi marcada por mais um episódio de indignação na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Uma moradora da região gravou um vídeo mostrando esgoto escorrendo próximo à nova ponte da Lagoa, em plena área de lazer e cartão-postal da cidade. O registro foi encaminhado à vereadora Manu Vieira, que compartilhou em suas redes sociais com um apelo direto: “A Lagoa da Conceição chora esgoto bem na beira onde sai a nova ponte! Não começou ontem, mas precisa acabar! Essa bomba não pode continuar! Precisamos de solução!”
A situação denunciada nesta quinta não é isolada. Pelo contrário, faz parte de uma triste rotina enfrentada por moradores e visitantes da região, que há anos convivem com extravasamentos frequentes e a fragilidade da rede de esgoto. Em janeiro de 2021, um dos episódios mais graves marcou a história recente da Lagoa: o rompimento de uma lagoa de evapoinfiltração da Estação de Tratamento da Casan, que despejou cerca de 180 milhões de litros de efluentes diretamente no ecossistema.
No ano passado, outro vazamento foi registrado em janeiro de 2024, na área da Caeira da Lagoa. Moradores flagraram o esgoto correndo pelas ruas em direção à água, especialmente na Travessa Angela Chaves e na Servidão Aurélio Garcia. Na época, a Casan atribuiu o problema a ligações irregulares de água da chuva na rede de esgoto, afirmando que o extravasamento foi contido com uso de caminhão hidrovácuo. Mas os moradores se disseram cansados de soluções temporárias, que não atacam a raiz do problema.
As reclamações se acumulam. A AMOLAGOA (Associação de Moradores da Lagoa) já alertou sobre pelo menos dez outros pontos de extravasamento na região, que seguem ativos. A própria Casan reconhece a complexidade do cenário e informa que atua com fiscalização e orientação por meio dos programas Se Liga na Rede e Tratos pelo Saneamento.
O funcionamento da fiscalização, no entanto, nem sempre é claro para a população. A Casan afirma que quando encontra uma ligação irregular na rede, o morador é notificado e tem prazo para regularizar. Se o problema causa dano à rede, como o entupimento de caixas de gordura, um Termo de Ocorrência de Infração (TOI) pode ser aplicado. Já se a irregularidade for configurada como crime ambiental — como lançamento direto de esgoto em rios ou lagoas —, o caso é repassado à vigilância sanitária municipal, responsável por aplicar multas.
Enquanto isso, a paisagem deslumbrante da Lagoa da Conceição continua marcada por episódios de esgoto a céu aberto. A denúncia feita nesta quinta-feira é mais uma entre muitas, e escancara o apelo de quem vive no local: que soluções definitivas sejam priorizadas para preservar o meio ambiente e garantir qualidade de vida para a comunidade da Lagoa.
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